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Filho de Cid Moreira: ‘Sofria abusos sexuais várias vezes por semana’

Roger Naumtchyk conta com exclusividade à coluna GENTE como era a rotina de assédios na casa do pai, onde viveu até 2004

Por Giovanna Fraguito, Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 out 2024, 15h20 - Publicado em 8 out 2024, 20h08
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  • Roger e Cid Moreira - (Montagem/Reprodução)

    Responsável pela caracterização dos atores de Mania de Você, novela das 9 da TV Globo, o cabeleireiro Roger Felipe Naumtchyk, 47 anos, filho adotivo de Cid Moreira, que morreu há uma semana, aos 97 anos, fez um longo relato à coluna GENTE sobre sua relação conflituosa com o pai. Os dois se conheceram por ele ser sobrinho da ex-esposa do apresentador, Maria Ulhiana Naumtchyk. Segundo conta Roger, aos 14 anos, ele foi morar na casa de Cid, no Rio. Meses depois, abusos começaram a acontecer e, como essa intimidade gerou burburinho, o jornalista logo oficializou o processo de adoção. Já o distanciamento entre eles teria acontecido depois de Roger assumir um namoro, em 2004. Agora, Roger se juntou ao irmão, o comerciante Rodrigo Razendev Simões Moreira, 54, filho biológico do comunicador, para brigar na Justiça pelo direito da herança – estimada em 60 milhões de reais. Do outro lado, está Fátima Sampaio, 60, que era casada com Cid desde 2000. A seguir, a entrevista.

    Qual foi a sua reação quando soube do testamento do Cid? Não foi novidade. Ele mandou um e-mail em 2014, no qual disse que tinha tentado reverter a adoção e como não conseguiu, fez um documento de próprio punho. Com Rodrigo é a mesma coisa. Ainda não tenho o testamento em mãos, mas pelo o que estão dizendo, devem tentar uma manobra de indignidade, como se eu tivesse cometido denúncias caluniosas. São denúncias verdadeiras, de testemunhas que trabalharam no sítio, que conviveram com o Cid.

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    Você denuncia abusos que Cid teria cometido em casa. Como foram esses abusos? Vim para o Rio em 1990, tinha 14 anos quando vim para passear. Cid era casado com uma tia minha. Já o conhecia há anos, ele ia lá no Rio Grande do Sul visitar minha família. Em 1990, quiseram me trazer ao Rio para ficar uns dias, passar uma semana. Só que ele gostou de mim e quis que eu trabalhasse como seu secretário. Naquele momento, para minha família de situação humilde, parecia uma grande oportunidade. Ainda mais ele sendo uma pessoa importante. Depois de uns dois meses morando com ele, voltando para dentro de casa, me deparei com ele fora da sauna completamente nu. Aquela situação me deixou em choque, a gente está falando em 1990. Eu era ingênuo em relação a isso. Subi logo ao escritório. Pouco tempo depois ele começou a dar uns gritos na sauna e desci correndo, achei que ele tivesse se machucado. E aí vi que ele estava se masturbando. Depois descobri que aquilo era corriqueiro, todos os funcionários ouviam. Algum tempo depois, comecei a fazer a sauna com ele a seu pedido. Era 24 horas com ele, se ele ia para a Globo, eu ia também. Eu era sua sombra, considerado o carregador de malas, na Globo falavam que eu era o ‘garotão do Cid’. Mas ele me tratava como filho. Até que um dia, nessas saunas, ele pediu para que eu passasse a ajudá-lo na masturbação. Nessa época, para mim, aquilo não era estupro ou assédio. Não considerava um abuso, nem imaginava o que era aquilo. Só agora, mais recente, entendi que fui abusado. Um tipo de estupro. 

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    Mas você não entendia que algo estava errado? Não, fui virgem até quando deixei a casa dele, em 2004, sem contato sexual nem com homem nem com mulher. O único relacionamento que tive foi com meu atual, até hoje. E foi aí a gota d’água, onde assumi esse relacionamento. Ele tentou camuflar toda a situação que tinha acontecido. Antes, quando começou a acontecer (o abuso), ele colocou essa coisa como se fizesse parte do meu trabalho.

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    O que passava na sua cabeça quando você masturbava seu pai? Para mim, o fato (abuso) tinha que ter penetração. Não imaginava que aquilo ali já se concretizava um abuso sexual. Estava tão condicionado com aquilo, que não me machucava, não me violentava, eu bloqueava. Tanto que bloqueei isso durante muito tempo, muito tempo mesmo. Isso dificultou minha vida em relação à parte de sexo, até hoje. Tenho um bloqueio com isso, me causa traumas até hoje.

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    Com que frequência aconteciam esses tipo de abuso? Às vezes três vezes por semana, às vezes a semana passava e não acontecia nada, às vezes aconteciam quatro vezes por semana. A gente sempre ficava no mesmo quarto (de hotel). E nunca iam desconfiar. Se o filho é teu, é normal. Agora, se ficar no quarto com um garoto de 15 anos, pode gerar uma desconfiança. Era assim.

    Por que vocês romperam só em 2004? Por conta dos ciúmes dele, quando eu quis assumir um relacionamento. Parece que é mais fácil esquecer ou dizer ‘não’ do que ter que abrir isso e jogar o balde.   

    O que Cid te falou na ocasião? Que eu não poderia trabalhar com ele na gravação da Bíblia, que tinha que sair de casa e ir para o salão de beleza, que combinava mais. E Fátima disse que eu não poderia continuar nos trabalhos da Bíblia, porque sendo gay mancharia a imagem do Cid. Fui mandado para fora de casa, até a minha cama ele tirou. Perdi meus dois imóveis, tinha um estúdio de gravação, onde gravávamos os CDs da Bíblia, que ele construiu para mim. Fui tirado do apartamento com uma juíza dentro da casa. Fátima vendeu o apartamento e comprou uma casa para ela. Mesmo assim deixei tudo isso para lá e fui viver minha vida, mas muitos ataques continuaram acontecendo.

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    Cid era gay? Não posso afirmar isso, porque nunca vi nada fora o que acontecia comigo. Ele tinha relacionamento com a minha tia, só que ela passava às vezes 24 horas fora de casa, era dona de salão de beleza. Nunca vi outros relacionamentos. Ele se satisfazia com aquilo e eu, na primeira vez que aconteceu, fiquei em choque, mas passei a considerar um trabalho.

    Sabendo hoje da gravidade de tudo isso, qual é o sentimento que fica em relação ao seu pai? Sinceramente? Pena, porque ele tinha um problema, vício por sexo. Isso foi o que ocasionou que Fátima também conseguisse manipulá-lo durante todo esse tempo.  

    Por que seu processo de adoção só se deu na maioridade? Não sei… tinham muitos burburinhos. A adoção se concretizou em 2001 e continuei a morar com ele. Era tratado como filho desde sempre, mas o documento oficial só em 2001, quando já tinha 25 anos. Fiquei morando lá com ele até 2006. Os abusos pararam de acontecer em 2000, mais ou menos.

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    Você contou essas situações para seu irmão? Não tinha contato com Rodrigo, nunca participou da casa, Cid sempre detestou ele. O único contato que Cid teve com ele foi aos 2 anos e um outro com 9. Cid sempre odiou ele, mas nunca soube porquê. Ele não ficava falando sobre ele, só sabia que ele não gostava. Tinha comentários de que ele era gordo, vagabundo, que não trabalhava… Conheci o Rodrigo recentemente, em 2021. E mesmo agora, a gente tem vidas diferentes.       

    Como recebeu a notícia da morte do Cid? Trabalho demais, às vezes 12 horas num dia. Faço alongamento de cabelo para produções de filmes e novelas. Agora estou fazendo Mania de Você. Personagens de Chay Suede, Nicolas Prattes, Adriana Esteves, Mariana Ximenes. O Chay, por exemplo, leva dez horas com o cabelo. Quando descobri seu falecimento, foi uma surpresa. Fiquei sabendo na estrada para São Paulo, porque a Fátima estava escondendo ele durante esses dias todos no hospital. Tinha tanta coisa que gostaria de ter falado para ele.

    Quais, por exemplo? Com certeza gostaria de falar daqueles abusos. Para mim, é uma coisa encerrada, não é algo que alimento com ódio. As pessoas falam: ‘você tem ódio dele porque ele era abusador?’ Não, não tenho ódio. Mas é óbvio que me causou algo, hoje em dia sou meio assexuado. Era um direito nosso ter esse contato com ele, mas a Fátima nunca permitiu. Ela tinha medo dessa aproximação. Em 2014, Cid me mandou um e-mail dizendo que queria me deserdar, que não queria que as pessoas soubessem que eu tinha contado com ele. Por que isso foi feito do nada? Qual o motivo? Ele escreveu: “Não quero que saibam que tenho qualquer contato com você, tentei reverter essa adoção e não consegui. Mas vou fazer um documento assinado em cartório, atestado por médicos, que não estou senil, para deserdar você”. Foi meu último contato, por e-mail. Antes disso, foi em 2004, quando deixei sua casa.

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    Qual é a sua luta atual na Justiça? Quem está lutando sempre foi e é a Fátima. Ela vai tentar todas as manobras possíveis, porque o interesse dela sempre foi financeiro, ficar com o dinheiro dele. 

    Você quer anular o testamento para poder ter direito aos bens? Com certeza, isso é um direito. Na lei brasileira, não se pode tirar herdeiros do testamento. 

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