Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

VEJA Gente

Por Valmir Moratelli
Notícias sobre as pessoas mais influentes do mundo do entretenimento, das artes e dos negócios
Continua após publicidade

‘Desejo todo mundo que passa na minha frente’, diz Amir Haddad

Aos 86 anos, teatrólogo realiza primeira edição de festival de teatro com seu nome, no Rio

Por Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2024, 00h29 - Publicado em 4 jul 2023, 11h00

Amir Haddad irá comemorar seus 86 anos e 66 de carreira, nas palavras dele, com o que mais sabe fazer: teatro. Criador do Grupo Tá na Rua, iniciado em 1980, que leva a arte teatral para o espaço aberto de ruas e praças, o ator e diretor apresenta o 1º Festival de Teatro Amir Haddad, realizado no Centro Cultural Casa do Tá na Rua, na Lapa, Centro do Rio. Até o dia 16 de julho, o evento trará uma seleção cuidadosa de peças dirigidas ou supervisionadas por Haddad. Em conversa com a coluna, o teatrólogo fala da vitalidade em continuar criando, produzindo e instigando novos pensamentos.

Qual o balanço que o senhor faz dos anos de carreira? Balanço é delicado, porque fica muita coisa de fora. Agora uma coisa é certa, não tenho a menor intenção de parar, não existe aposentadoria do amor, do exercício da presença, do encontro, da troca. Não me aposento da vida. Nem passa pela minha cabeça aposentadoria. Estou planejando eu mesmo levar meu caixão para o cemitério.

No festival de teatro que leva seu nome, o senhor dirige 13 espetáculos. Como foi a seleção? Esses espetáculos fazem parte da história da minha vida, são manifestações vivas do meu trabalho. Eles estão ali à disposição, serão revividos a cada instante. Estarei confortavelmente instalado numa cadeira, recebendo as pessoas e conversando com os meus amigos lá. Espero estar rejuvenescido no final desses 15 dias.

Por que comemorar o aniversário com teatro? Não sei se estou comemorando o aniversário com o teatro ou se estou comemorando o teatro com o meu aniversário. Mas é preciso fazer esse festival de teatro. E precisava fazer um balanço das minhas atividades, do meu trabalho, apresentar uma síntese desses anos para os amigos que me acompanham. Não há como desaparecer, estou vivo.

Continua após a publicidade

O senhor tem trabalhos memoráveis por levar teatro a comunidades carentes. O que as favelas têm a ensinar? Humanidade, a verdade, a identidade. O contato da minha vida de teatro com o povo do Rio me transformou profundamente. Eu fazia teatro na zona sul, para uma plateia que frequentava teatros da zona sul e nunca estive satisfeito com isso. Teve um momento que rompi com isso, saí do palco da zona sul, fui para o Centro. Andei por todos os morros com meu grupo, não dependo de sala de espetáculo para me apresentar. Sou mineiro de nascimento, cresci em São Paulo, mas minha identidade se construiu no Rio.

Por que no Brasil ainda há preconceito com o que é popular? Não acho que é só no Brasil, é na sociedade burguesa em geral. A sociedade de classes produz esse medo. O diferente comigo é que lutei contra a estratificação social, no nosso trabalho procuramos derrubar a couraça da ideologia e mostrar os coloridos da fantasia. Quando você faz uma roda de teatro na rua, tem a cidade inteira representada ali, por isso sai fora dos espaços fechados.

Como avalia a atual gestão da ministra da cultura? Tenho muita esperança. Estamos no começo, só no final do ano vamos sentir as diferenças que esses tempos vão trazer.

Continua após a publicidade

Aceitaria um cargo público? Nunca pensei nisso não, também nem sei se aceitaria. Faço mais pela vida cultural do país atuando livremente, fazendo o que faço, do que amarrado a um cargo. Não tenho essa pretensão, mesmo que isso possa significar bom salário e certo alívio financeiro.

Como lida com o envelhecimento? Vou dizer uma grosseria, mas leva em conta que é a melhor maneira de responder. Mas acho que vai ser difícil fechar o meu caixão quando eu morrer, porque vou morrer com o pau duro. A minha vontade de viver, meu tesão pela vida, não tem idade. Não passa pela minha cabeça a ideia de envelhecimento, me sinto com vigor parecido de quando tinha 40 anos e não tenho medo de perder esse vigor. A sensação é que vou assim para a cova.

Essa vitalidade também se mantém com o seu casamento? Sim, claro! E sou fiel, tenho casamento de 40 anos com a mesma pessoa (Maria Helena Cruz, professora). Posso ter tido uma ou outra infidelidade, mas muito mais mental do que física. E infidelidade mental a gente tem o tempo todo. Desejo todo mundo que passa na minha frente. Se uma pessoa bonita passa na minha frente, desnudo ela inteirinha. Ela nem sabe que tirei a roupa dela. Mas também ela passou e eu já esqueci (risos).

Continua após a publicidade

View this post on Instagram

A post shared by Amir Haddad (@amirhaddadreal)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.