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Daniele Valente sobre fibromialgia: ‘Chorava no chuveiro’

Atriz aproveita rotina saudável nos EUA, para onde se mudou há dois anos, para fazer tratamento natural e escrever roteiros para a TV e o cinema

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2017, 11h59 - Publicado em 6 out 2017, 11h58
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  • Conhecida por séries como Confissões de Adolescente, Zorra Total e Vai que Cola, a atriz Daniele Valente usou as redes sociais para revelar que sofre de fibromialgia, a mesma síndrome que levou a cantora Lady Gaga a cancelar sua vinda ao Rock in Rio por provocar dores intensas em todo o corpo. A VEJA, a atriz fala sobre o diagnóstico, o tratamento e o apoio que recebeu da família – o marido Christiano Cochrane e a filha Valentina, de 6 anos. Também afirma que se sente mais segura nos Estados Unidos, país onde mora desde 2015, e que tem gostado mais de escrever roteiros para o cinema e para a televisão do que de atuar. Confira:

     

    Quando sentiu os primeiros sintomas da fibromialgia? Notei que tinha alguma coisa errada com minha saúde em 2014, porque me sentia muito cansada durante as gravações da primeira temporada do Trair e Coçar É Só Começar, do Multishow. Sentia dores por todo o corpo, não conseguia virar o pescoço, ia para o ensaio com colar cervical, às vezes. Eu pedia para o elenco me fazer massagem nos ombros. Na maior parte do tempo, sofria calada mesmo. Quando chegava em casa, sentia um cansaço absurdo a ponto de quase desmaiar. Eu chorava embaixo do chuveiro quente para aliviar as dores.

    Como são as dores? No meu caso, é pior no pescoço, mas também tenho protusões na coluna por causa de um acidente em que um indivíduo bateu na traseira do meu carro enquanto usava o celular. Sinto dores fortes nas costas, articulações, pele e enxaqueca. Tudo isso não me impede de andar, o que me deixa de cama é a exaustão. É como se estivesse acordando de uma anestesia geral. Ou com aquela gripe fortíssima que faz com que você não consiga sair da cama de jeito nenhum. É sinistro.

    O médico deu alguma indicação do que pode ter causado a doença? Os médicos falam que é uma doença misteriosa, que ninguém ainda sabe ao certo a causa da fibromialgia. Tem médico que fala que é por causa do estresse. Se fosse só isso, então, tirando os monges, todos teriam fibromialgia, certo?

    Como você lidou com os primeiros dias e meses da doença? A doença provavelmente começou bem antes do diagnóstico. Depois de recebê-lo, confesso que fiquei até feliz porque finalmente sabia o que tinha. Experimentei vários remédios que a neurologista me receitou, os mais comuns para fibromialgia. Meu corpo rejeitou todos, tive alergia. Foi a primeira vez que percebi a complexidade da fibromialgia, pois o que serve para uns nem sempre serve para outros. Então comecei a estudar o assunto.

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    Como se trata hoje? Estou me tratando com uma naturopata. Ela diz que preciso ser paciente, pois a melhora não vai ser de uma hora para a outra. Ela me deu um prazo de dois anos para me sentir totalmente recuperada. Estamos trabalhando na raiz do problema. Eu tomo vitaminas e minha alimentação é orgânica. Cortei o glúten, a cafeína e o açúcar refinado. Faço massagens, pranaterapia (cura prânica), que me alivia os sintomas, tomo banhos com Epson salt, faço meditação, ando descalça na terra. O contato com a natureza e com o espiritual é fundamental. Quando estou conectada, não sinto dor.

    A doença está controlada? Não existe um exame que fale: “A doença está controlada”. Quem tem fibromialgia a considera controlada depois de muito tempo sem sentir nada. Já aconteceu de eu acordar 100% e, com a empolgação, fazer ginástica como antes, carregar peso, encarar parques de diversão com minha filha e depois ficar três dias de cama com dores e exaustão. Quando como algo que não devo, o corpo também reclama. E quando me estresso. Ainda estou aprendendo meus limites.

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    Chegou a tomar medicamentos para depressão no processo de aceitação? No início, eu achava que o meu problema era depressão. Que era tudo “da minha cabeça”. Tomei remédio. Depois que fui diagnosticada com fibromialgia é que entendi que era o caminho inverso. Quem sente dores ininterruptamente e exaustão debilitante tem depressão. Faz sentido, certo? Depois de saber disso, a depressão passou. Não tomo mais remédios para depressão. Claro que fico triste quando não consigo, por exemplo, brincar com a minha filha de correr, mas não é depressão.

    E seu marido e filha, como reagiram ao diagnóstico? Meu marido é o meu maior parceiro. Ele faz de tudo para me ajudar. Minha filha tenta me alegrar, mas ainda não entende bem o problema.

    Há possibilidade de que a fibromialgia tenha fatores genéticos. Teme que a sua filha tenha a doença? Eu tenho estudado bastante o assunto. A fibromialgia é consequência de alguns fatores, ela precisaria ter cada um deles para manifestar a doença. Realmente não acredito que a fibromialgia seja hereditária. E ainda não existem estudos que comprovem essa teoria.

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    Sua rotina mudou depois do diagnóstico? Hoje, trabalho em casa. Basta um computador e internet. Cuido da casa e da família, pois não temos empregada nem babá. Se estou cansada, descanso e pronto. Estou aprendendo a não me cobrar tanto.

    Quando decidiu ir morar nos Estados Unidos? O Christiano, que viveu antes de me conhecer, tentava me convencer a mudar desde a primeira semana de namoro, em 2008. Embora gostasse da ideia, eu emendava um trabalho no outro. Depois que nasceu a Valentina, em 2011, passei a considerar mais. Em 2014, quando fui parar no hospital por causa do “estresse”, decidi que era hora de cuidar de mim e da minha família. Morar aqui me ajuda no tratamento. É uma vida com bem menos estresse.

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    Pensa em voltar ao Brasil? Por enquanto não. Me sinto mais segura aqui.

    Que projetos está tocando atualmente? Escrevi meu primeiro longa, que será produzido ano que vem no Brasil. Estamos na fase de escolha de elenco etc. E estou escrevendo uma série cômica para a TV, mas não posso dar detalhes ainda.

    Sente falta de atuar? Ainda não. Mas sinto saudades do cheiro da coxia do teatro. Escrevendo, me sinto completa.

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