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Bruno Fagundes diz que palavra causou problema com o governo Bolsonaro

Ao lado de Reynaldo Gianecchini, ator discute tabus da homossexualidade na peça ‘A Herança’, em cartaz no Rio

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 21h12 - Publicado em 12 set 2023, 15h00
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  • Bruno Fagundes, 34 anos, estreia A Herança na próxima quinta-feira, 14, no teatro Clara Nunes, no Rio. Ao lado de Reynaldo Gianecchini, 50, ele repete no Rio a maratona de seis horas de espetáculo que conquistou o público de São Paulo. De início, a peça é dividida em duas sessões. No palco, 13 atores debatem os tabus da homossexualidade. Bruno e Gianecchini estiveram no estúdio de VEJA GENTE para conversar sobre o novo desafio. Assista ao vídeo:

    A seguir, alguns trechos do depoimento de Bruno:

    CENSURA PRÉVIA. “A peça gira em torno do casal Erik e Toby, não tem como fazer uma sinopse sem se referir a homens gays, ao casal gay. A princípio, a gente tinha feito esse texto, descrevendo essa relação e ele voltava (da então Secretaria de Cultura, no governo Bolsonaro) com uma notificação que tinha um erro, uma palavra errada no projeto. A gente batia a cabeça para entender que palavra errada poderia ser essa, revisava e não encontrava, porque na nossa visão era um erro de português. E o Zé Henrique de Paula, que é sócio, produtor, idealizador e diretor da peça, teve uma sagacidade. Ele falou: ‘Vamos omitir a palavra gay da sinopse e ver o que acontece’. E quando a gente omitiu, foi aprovado”.

    PALAVRAS PROIBIDAS. “Essa tentativa de censura, não sou só eu que estou dizendo isso, era declarada, não era nem um pouco velada, existia. Uma agenda anti-cultura de forma declarada. Essa história é o símbolo perfeito do que estava acontecendo. E já ouvi falar que outras palavras-chave também passaram por esse mesmo problema, como ‘feminismo’. Era muito preocupante o que a gente estava vivendo”.

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    O ATO DE SE ASSUMIR GAY. “Isso já estava no fundo da minha cabeça há muito tempo. Tanto que meu círculo íntimo e minha família sempre souberam, nunca houve nenhum tabu em relação a isso, nenhum segredo, nenhuma tentativa de esconder. Desde muito cedo todo mundo sabia. Mas o olhar público é outra coisa. Ainda mais de onde venho, sendo filho de uma pessoa que é a representação da heteronormatividade, isso foi construído nos trabalhos do meu pai. Ainda não tinha quebrado essa barreira. Percebi que seria contrassenso não lidar bem publicamente com uma situação que já era bem resolvida para mim. A peça me encorajou e me inspirou a fazer isso na minha vida pessoal”.

    SUFOCANTE. “É muito mais do que respirar aliviado. A estrutura é realmente muito opressora. A estrutura heteronormativa está em todo lugar e ela sufoca”.

    ANTONIO FAGUNDES. “Eu não canso de falar disso. Mas muitas vezes meu sobrenome vem antes do meu trabalho. Então todo esse tempo, falo que me incomodo. Não é bem um incômodo, é que na verdade estou desenvolvendo a minha identidade. E desenvolver a identidade deve ser independente do meu pai. Hoje encontrei essa identidade. Tenho muito orgulho, sou amigo do meu pai, ele é meu mentor, meu mestre. Mas eu existo, independentemente dele”.

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    SERVIÇO: ESTREIA PARTE 1: 14/9, às 20h / ESTREIA PARTE 2: 29/9, às 20h / ONDE: Teatro Clara Nunes, Shopping da Gávea – R. Marquês de São Vicente, 52, Gávea, RJ / Ingressos: R$ 50 (meia) a R$ 130 (inteira), Classificação: 18 anos PARTE 1 e PARTE 2 exibidas intercaladamente: PARTE 1: quintas e sábados, às 20h; PARTE 2: sextas, às 20h, e domingos, às 19h.

    * O programa VEJA Gente é gravado diretamente do Casacor Rio, mostra de arquitetura e design que tem apoio da Editora Abril. O cenário foi desenvolvido pelo arquiteto João Amand e pela designer de interiores Sophia Abraham, com patrocínio da House Us.

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    Bruno Fagundes diz que palavra causou problema com o governo Bolsonaro – (./VEJA)
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