A pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição de São Paulo traz uma boa notícia e um gigantesco desafio para o ex-prefeito Fernando Haddad. Nos quatro cenários pesquisados para o primeiro turno, Haddad lidera com folga. No quadro com mais candidatos, Haddad tem 24%, o ex-governador Marcio França tem 18%, o ministro Tarcísio Freitas 11%, a deputada Renata Abreu 7% e o vice-governador Rodrigo Garcia 3%. Sem Marcio França na disputa, Haddad salta para mais de 30%. Mas nenhum desses é o grande adversário de Haddad.
A maior novidade da pesquisa Genial/Quaest é a quantidade de paulistas que pretendem votar nulo ou branco ou se abster. Dependendo do cenário, os não-votantes vão de 24% até 33%, ficando em segundo lugar. Há três vezes mais paulistas pretendendo desperdiçar a chance de votar do que escolher Tarcísio Freitas, o candidato de Bolsonaro, diz a Quaest.
Esse dado está em linha com a eleição de 2018, quando dos 38 milhões de paulistas aptos a votar, 7,1 milhões não compareceram, 3,5 milhões anularam o voto e 1,8 milhão votaram em branco. Isso significa que de cada 10 eleitores do Estado de São Paulo, só 6 deram votos válidos.
“É uma alienação eleitoral, um desinteresse do eleitor pelo voto que desafia todas as democracias. Os candidatos precisam conseguir quebrar esse círculo de desencanto do cidadão comum, que está ou enojado com a política ou acha que seu voto não muda nada”, diz o diretor da Quaest, Felipe Nunes.
A pesquisa mostrou ainda como a influência dos padrinhos políticos para os candidatos Fernando Haddad, Tarcísio Freitas e Rodrigo Garcia. Num cenário onde só os três disputam, Haddad sobe de 35% para 41% quando o eleitor é informado que ele tem apoio de Lula, enquanto Tarcísio sobe de 15% para 27% quando o eleitor é informado que ele tem apoio de Bolsonaro. Já a influência de João Doria é nula. Rodrigo Garcia oscila de 8% para 9% quando o eleitor é informado que ele tem apoio de Doria. A rejeição a Lula, Bolsonaro e Doria no Estado de São Paulo também fica evidente. Quando os eleitores são informados quem os apoia, a porcentagem dos que votam branco ou nulo ou preferem se abster salta de 13% para 33%.
A pesquisa detectou ainda um pessimismo do paulista com a economia. 51% acham que a economia vai piorar nos próximos doze meses e 67% dizem que aumentou a dificuldade em pagar suas contas pessoais nos últimos três meses. A economia é o maior problema para 35% dos paulistas, ante 18% que acham que é a pandemia de Covid.