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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Os limites de Galípolo

Provável futuro presidente do BC precisa evitar a politização de Campos Neto para cumprir sua missão

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jul 2024, 07h00
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  • TRUNFO - Gabriel Galípolo: número 2 de Haddad, ele será peça-chave no BC
    O diretor do Banco Central Gabriel Galípolo (Washington Costa/MF/.)

    O diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, foi um personagem decisivo no convencimento para o presidente Lula da Silva reduzir o volume das suas críticas ao mercado financeiro. Na terça-feira, 25, no Palácio do Planalto, e na sexta, 28, na casa de Fernando Haddad, Galípolo foi uma das vozes que alertou para as consequências de um dólar a R$ 5,6 no bolso da população mais pobre, prejudicando a massa de eleitores que o presidente diz defender. A alta do dólar vai afetar os preços dos combustíveis, energia elétrica e alimentos, e o eleitor não vai responsabilizar uma figura extemporânea feito o Banco Central, mas o próprio Lula.

    Os argumentos estão corretos e a causa defendida por Galípolo é justa, mas há um problema: ele não deveria estar lá. É intrinsecamente incorreto que um dirigente do Banco Central, quanto mais o seu provável futuro presidente, participe de decisões que vão afetar diretamente a atuação imediata do Banco Central.

    Galípolo fez isso sem que houvesse um sobrolho de escândalo porque a porta-giratória entre o prédio sede do BC no Setor Bancário Sul de Brasil até a política foi escancarada pelo atual presidente Roberto Campos Neto.

    Em 2020, Campos Neto estava no lado certo da história ao ser o primeiro – e muitas vezes única – autoridade do governo Bolsonaro a entender a gravidade da pandemia de covid, a necessidade de instituir políticas emergenciais de auxílio, a urgência por abertura de créditos para empresas e o fato de que a crise só terminaria com a vacinação em massa da população. Campos Neto ocupou essa função porque a equipe econômica era lenta na compreensão dos fatos, o time de política via na pandemia uma oportunidade de ganhar dinheiro e o presidente havia embarcado nas maluquices da cloroquina e da paranóia antivax. Mesmo correto, o voluntarismo de Campos Neto fugia das suas atribuições.

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    É evidente que Campo Neto atravessou o Rubicão da independência do Banco Central várias vezes ao participar de churrascos com Arthur Lira e os líderes do Centrão, votar com o uniforme da campanha Bolsonaro, participar até 2023 de um grupo de WhatsApp de nome “ministros do Bolsonaro” e, quando tudo parecia perdoado, ir a um jantar em sua homenagem na residência oficial do principal pré-candidato da oposição. As diabrites de Lula têm responsabilidade direta na alta do dólar, mas Campos Neto agiu para politizar a relação do BC com o Planalto. Como tem a boa vontade do mercado e da mídia, Campos Neto recebeu poucas críticas.

    É fácil incluir Campos Neto na lista dos cinco mais importantes presidentes do BC da história, mas a sua postura política prejudicou a imagem da instituição e tornou a vida do sucessor mais difícil. Ao contrário de Campos Neto, a quem tudo é permitido, Galípolo deve assumir o BC sob vigilância do mercado e da mídia para qualquer piscadela que ajude o governo Lula.

    Fatos que sob Campos Neto foram naturalizados, devem ser evitados para que a nova gestão do BC se concentre no que realmente importa, o controle da inflação.

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