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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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O novo Meirelles de Lula

Entrevista do presidente do BC abre caminho para acordo de convivência em um possível novo governo do PT

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 fev 2022, 12h38 - Publicado em 15 fev 2022, 12h22
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  • Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da Globonews, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez o primeiro gesto de trégua do mercado financeiro na hipótese  de vitória de Lula da Silva nas eleições de outubro. A jornalista perguntou se o mercado já havia assimilado (ou “precificado” no idioma da Avenida Faria Lima) um novo governo do PT. A resposta de Campos Neto é um exercício de cautela otimista dita em idioma ‘farialimês’:

    “O que a gente pode comentar é o que a gente captura dos preços de mercado. E nos preços de mercado o que tem acontecido mais recentemente é uma eliminação de vários preços que mostram o risco da passagem de um governo para outro. Mais recentemente, a gente vê, quando olha esses preços, é que eles atenuaram. Caíram um pouco. Significa que o mercado passou a ser menos receoso da passagem de um governo para outro. Isso é o que a gente pode interpretar. Porque provavelmente um governo que representava um risco de cauda, com medidas mais extremas, está se movimentando para o centro. Essa é a nossa interpretação do que a gente captura de preços de mercado. Lembrando que o Banco Central ganhou a posição de autonomia exatamente para ter independência entre o ciclo político e os ciclos de política monetária. Não cabe fazer comentários sobre o que seria cada candidato. Então na nossa interpretação, olhando os preços de mercado, ele removeu um pouco o risco da passagem de um governo para outro. Mas na nossa interpretação é muito cedo ainda, muitas coisas devem acontecer ainda ao longo do processo eleitoral”.

    Em português, Campos Neto disse que as projeções do mercado são de uma transição sem sobressaltos entre o governo Bolsonaro e uma eventual gestão Lula em função dos anúncios de moderação do PT (não contestar a independência do BC, ter um conservador como Geraldo Alckmin como candidato a vice e dar rumo à política externa).

    O texto de Campos Neto é uma resposta a Lula, que no mês passado jogou no lixo as especulações de que seu governo tentaria reverter a emenda que deu independência ao BC. Disse Lula:

    “As pessoas (os economistas da esquerda do PT) colocam obstáculos no tal do Banco Central Independente. Esse Banco Central tem que ter compromisso é com o Brasil, não é comigo. ‘Ah, ele vai ter meta de inflação’… Vamos colocar meta de emprego, meta de crescimento econômico também. Vamos comprometer com alguma coisa positiva. E quem é que tem que chamar o cara (Campos Neto) para conversar? Sou eu. Pode ficar certo, eu não conheço, mas a hora que eu ganhar: ‘vem cá, vamos conversar um pouquinho aqui meu, vamos discutir o Brasil’. Numa boa”.

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    Na prática, a manutenção de Campos Neto no BC significa para um terceiro governo Lula o mesmo efeito que Henrique Meirelles teve nos dois primeiros. Ex-presidente internacional do BankBoston, Meirelles assumiu o BC em 2003 quando todo o mercado apostava que o PT daria um calote da dívida pública. Foi a sua entrada, junto com a de outros economistas ortodoxos como Marcos Lisboa e Joaquim Levy, que diminuiu a tensão. Na véspera da posse de Lula, o risco país (indicador que mede a percepção dos investidores sobre a capacidade de uma nação pagar suas dívidas) estava em 1446 pontos. Um ano depois, caiu para 468 pontos.

    Três ex-ministros que trabalham no programa econômico do eventual governo do PT contaram que a declaração de Lula a favor de Campos Neto mudou a relação com o mercado. “Campos Neto foi diretor do Santander antes de ir pro governo, é um cara do mercado. Provavelmente nós nunca o teríamos escolhido, mas se a lei diz que ele tem mandato até 2024, então ele vai ficar até 2024. Esse debate já está superado”, disse um ex-ministro.

    Outro economista petista foi mais direto: “que medo o mercado pode ter do governo Lula se com o BC eles controlam a política de juros e de câmbio? Não tem por que ter medo”.

    O terceiro ex-ministro foi mais sarcástico: O mercado elegeu o Bolsonaro acreditando que o Paulo Guedes ia ser o ministro dos sonhos. Mas quem explodiu o teto de gastos foram eles, quem está promovendo uma farra de gastos através do Orçamento secreto foram eles, quem apresentou uma reforma do imposto para aumentar a taxação das empresas foram eles, quem prometeu privatizar e, na verdade, criou novas estatais foram eles, quem colocou um general inexperiente para tocar a Petrobras foram eles, quem aparelhou a máquina estatal com militares e amigos dos filhos do presidente foram eles…”.

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