O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acordou hoje como ministro da Fazenda e esta é a principal notícia do dia. Desde que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann usou o seu twitter para atacar a volta do imposto sobre combustíveis, Haddad tinha duas alternativas: ou convencia Lula a retomar o imposto ou a partir de hoje a condução da política econômica seria de Hoffmann. Havia sangue no mar de tubarões
Na sexta-feira, Hoffmann havia tomado para si o papel de porta-voz do governo e escrito que “não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir promessa de campanha”. Haddad convenceu Lula de que o tuíte além de o desautorizar como ministro da Fazenda, estava atacando o próprio presidente, que estava de fato discutindo a volta do imposto. Gleisi Hoffmann sentiu tanto que horas depois do anúncio postou um tuíte de uma foto sua com Lula a abraçando, como para reforçar a sua ligação com o presidente
Haddad venceu o round, mas a guerra continua. No domingo, ele discute com o presidente os nomes dos novos diretores do Banco Central. Hoffmann deve apresentar nomes alternativos ao do ministro. Ainda em março, a Fazenda anuncia o novo arcabouço fiscal, que certamente será atacado pela presidente do PT.
O impasse político entre Haddad e Hoffmann provocou uma solução fiscal esdrúxula. Como Lula não autorizou um repasse total do imposto para o consumidor, o PIS/Cofins foi retomado parcialmente e para manter a arrecadação o governo anunciou uma taxa de 9,2% sobre exportação de petróleo cru por quatro meses.
A criação da taxa temporária para compensar a arrecadação foi uma sugestão improvisada do ministro da Casa Civil, Rui Costa, no fim de semana depois que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, descumpriu um acordo com Lula. Antes do carnaval, Prates havia informado que a Petrobras estava cobrando pela gasolina mais que os preços internacionais e que a equalização daria uma folga de 29 centavos, suficiente para o governo retomar o imposto sobre combustíveis sem afetar o consumidor. Na sexta-feira, no entanto, Prates recuou e levou uma bronca homérica de Lula, incluindo ameaça de demissão.
Na segunda-feira, dia 27, Prates conseguiu que a diretoria atual da Petrobras, cujo mandato termina em 31 de março, só aceitasse um desconto de 13 centavos, menos até do que os 24 centavos que consultorias do mercado de petróleo consideravam razoável. Com a posse da nova diretoria da Petrobras em 1.o de abril, Prates estará sob gigantesca pressão para atenuar os reajustes de combustíveis.