Postagem atualizada no dia 18 de julho de 2012
Roteirista, diretor e produtor conhecido pelas séries I Love Lucy e A Feiticeira, William Asher faleceu no dia 16 de julho, aos 90 anos de idade, segundo informou o jornal Desert Sunde Palm Desert, Califórnia, onde ele vivia com a esposa. O produtor faleceu vítima de complicações relacionadas ao Mal de Alzheimer.
William Milton Asher nasceu no dia 8 de agosto de 1921, em Manhattan, filho de Ephraim M. Asher, produtor de filmes de terror da Universal, e da atriz Lillian Bonner.
A família se mudou para Los Angeles quando Archer ainda era criança. Durante esse período, ele frequentou os estúdios da Universal, acompanhando o trabalho de seu pai. Quando os pais se divorciaram, William voltou com a mãe para Nova Iorque.
Após a morte do pai e de prestar serviço militar, Asher foi morar em Palm Springs, onde começou a escrever alguns contos que eram publicados em revistas da época. Mais tarde, começou a escrever roteiros em parceria com outros profissionais da área.
No início da década de 1950, ele começou a trabalhar na televisão como roteirista e diretor. Entre seus primeiros trabalhos estão diversos teleteatros, além de episódios de séries como Make Room For Daddy, sobre um stand-up comedian e sua relação com a família e com o trabalho, que fazia muito sucesso na época, Rocket Squad, Our Miss Brooks, e December Bride.
Em 1952, Desi Arnaz o contratou para dirigir episódios da série I Love Lucy, que entrava em sua segunda temporada. Asher dirigiu I Love Lucy até seu final, em 1957. Em 1963 ele começou a produzir sua própria série, O Show de Patty Duke, criada por ele e Sidney Sheldon.
A história girava em torno da família Lane, formada por Martin e Nathalie, um casal com dois filhos, Patty e Ross. Martin tem um irmão, um jornalista viúvo que vive viajando e não tem tempo de cuidar da filha. Assim, Cathy vai morar com os tios.
Cathy e Patty são muito parecidas, podendo passar por gêmeas (as duas personagens eram interpretadas pela mesma atriz). A única diferença entre elas era a personalidade. Patty era típica adolescente que não gosta dos estudos, adora música e rapazes. Já Cathy é uma jovem mais séria, prefere passar seu tempo estudando. Mesmo assim, elas se tornam grandes amigas.
A série foi vítima da mudança de sistema da TV em preto e branco para a TV a cores. Nessa época, os canais começaram a selecionar quais programas seriam escolhidos para passar por essa transição. Aqueles que não eram selecionados, foram cancelados. A rede ABC estava interessada em manter O Show de Patty Duke no ar, mas a United Artists, produtora da série, queria mais dinheiro, que o canal não estava disposto a pagar. Assim, a série foi cancelada com três temporadas e 103 episódios produzidos.
Nessa época, Asher já tinha lançado outra série de sucesso: A Feitceira, que estreou em 1964, estrelada por sua segunda esposa, a atriz Elizabeth Montgomery.
Criada por Harry Ackerman e Sol Saks, a sitcom narrava a vida de Samantha, uma jovem bruxinha que se casa com um mortal, inicialmente interpretado por Dick York e depois por Dick Sargent. Os dois tentam viver uma vida normal, mas a família de Samantha, em especial sua mãe Endora, vive se metendo, tentando separar o casal, utilizando vários truques e magias.
A Feiticeira foi produzida no período em que o movimento da liberação feminina começava a tomar conta dos EUA. Queimando sutiãs nas ruas, as mulheres exigiam direitos iguais. Simbolicamente a série retrata esse período, mostrando uma jovem mulher presa entre a sociedade masculina da época (o marido) e o pensamento feminista que começava a se formar, representado pela mãe.
Produzida entre 1964 e 1972, pela Screem Gems, subsidiária da Columbia Pictures, A Feiticeira teve um total de oito temporadas e 254 episódios. No início da década de 1970, as séries que se apoiavam em histórias relacionadas a magia e fantasia começaram a perder o interesse do público e das emissoras. Vivendo as consequências da guerra do Vietnã, escândalos políticos e crises econômicas, a TV começou a acompanhar a chamada ‘perda da ingenuidade americana’. Assim surgiram produções como Mash e Tudo em Família, sitcoms que se tornaram as grandes produções da década. Esta última concorria com A Feiticeira, no mesmo horário. Seu sucesso levou a série produzida por Asher a perder público e a ser cancelada.
A Feiticeira gerou uma spinoff em 1977, criada por Jerry Mayer e produzida por Asher. Tabatha/Tabitha narrou a vida dos filhos de Samantha e James: Tabatha e Adam, ela uma bruxa como a mãe, ele mortal como o pai. Estrelada por Lisa Hartman, a sitcom não foi bem recebida pelo público, sendo cancelada com apenas uma temporada e treze episódios produzidos.
Durante a produção de A Feiticeira, Asher começou a produzir outra sitcom: Gidget, estrelada por Sally Field, na época com 18 anos.
A história adaptava a obra de Frederick Kohner, que escreveu o livro Gidget, the Little Girl with Big Ideas, sobre sua filha adolescente. O livro ganhou várias adaptações cinematográficas, algumas delas estreladas por Sandra Dee.
Apesar da popularidade do livro e dos filmes, a série não foi bem recebida, sendo cancelada com uma temporada e 32 episódios produzidos. Gidget ganharia fãs ao longo dos anos com as reprises. Hoje a série é mais lembrada por ter sido o primeiro trabalho de Sally como atriz.
Após o cancelamento de A Feiticeira, Asher continuou produzindo outras séries: The Paul Lynde Show, estrelada pelo ator que deu vida ao personagem do Tio Arthur em A Feiticeira; Temperatures Rising, The Bad New Bears, Private Benjamin e Harper Valley P.T.A., estrelada por Barbara Eden, que ficou famosa como a Jeannie é um Gênio, produção que concorria com A Feiticeira. Mas foi com Alice que Asher voltou a fazer sucesso.
A sitcom, criada por Robert Getchell, acompanha a vida de Alice (Linda Lavin), uma aspirante a cantora que, após a morte de seu marido, precisa trabalhar como garçonete para poder sustentar seu filho adolescente. A série é situada na lanchonete onde Alice faz amizade com as duas colegas, Flo e Vera, e o proprietário rabugento que trabalha na cozinha (algo na linha de 2 Broke Girls). A série foi produzida entre 1976 e 1985, com nove temporadas e 202 episódios.
O produtor foi casado quatro vezes. A primeira com a atriz Dani Sue Nolan (Dorothea Alyce Nolan), entre 1951 e 1961, com quem teve dois filhos, Liane e Brian. A segunda foi com a atriz Elizabeth Montgomery (Elizabeth Victoria Montgomery), entre 1963 e 1973, com quem teve três filhos, William Asher Jr., Robert Asher, produtor, e Rebecca Asher, supervisora de roteiros que atualmente trabalha com a sitcom Raising Hope. Asher e Elizabeth se conheceram quando ele produziu o filme Johnny Cool, estrelado por ela e Henry Silva.
Entre 1976 e 1993 Asher foi casado com a atriz Joyce Bulifant, que interpretou a esposa de Murray na sitcom Mary Tyler Moore. Quando se casou com Joyce, o produtor adotou legalmente o filho da atriz, John Mallory Asher, filho do ator Edward Mallory, falecido em 1976. John também é ator, tendo estrelado a sitcom Mulher Nota 1.000. Desde 1996 William estava casado com Meredith Coffin.
William continuou trabalhando como produtor até o início da década de 1990, quando dirigiu o filme reunion da série O Fazendeiro do Asfalto/Green Acres. Antes disso, ele também dirigiu o filme reunion de Jeannie é um Gênio, que recebeu o título de Jeannie é um Gênio – 15 Anos Depois.
Quando Asher produziu Johnny Cool, ele conheceu o ator e cantor Sammy Davies Jr., que integrava o elenco do filme. Sammy o apresentou a Peter Lawford, que já fazia parte da família Kennedy. Assim, Peter o convidou a dirigir e produzir o especial de aniversário do presidente John F. Kennedy, que será sempre lembrado como aquele em que Marilyn Monroe cantou Feliz Aniversário.
Asher também dirigiu vários filmes de praia, como ficaram conhecidos os filmes estrelados por Frank Avalon e Annette Funicello. O Primeiro foi Praia dos Amores, em 1963, seguido de A Praia dos Biquínis, Quanto Mais Músculos Melhor, Como Rechear um Biquíni e Folias na Praia.
Cliquem nas primeiras quatro fotos para ampliar.
No vídeo, William fala sobre a produção de A Feitcieira.