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Nova Temporada

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Este é um espaço dedicado às séries e minisséries produzidas para a televisão. Traz informações, comentários e curiosidades sobre produções de todas as épocas.
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Fall Season 2011-2012: The Playboy Club

Esta é uma das novas séries do canal americano NBC que estreou há algumas semanas como parte da Fall Season de 2011-2012. Muito antes de estrear, “The Playboy Club” já vinha gerando críticas de segmentos conservadores da sociedade, que não aceitam a presença das coelhinhas da Playboy na TV aberta. Tendo exibido apenas dois episódios, […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 1 dez 2016, 18h07 - Publicado em 28 set 2011, 17h05

Esta é uma das novas séries do canal americano NBC que estreou há algumas semanas como parte da Fall Season de 2011-2012. Muito antes de estrear, “The Playboy Club” já vinha gerando críticas de segmentos conservadores da sociedade, que não aceitam a presença das coelhinhas da Playboy na TV aberta.

Tendo exibido apenas dois episódios, a série já está na lista dos possíveis cancelamentos da TV, que costumam ser anunciados em novembro. Pode ser que o canal nem aguarde até lá para tirar a série da grade de programação. Seu primeiro episódio registrou a média de 5 milhões de telespectadores ao vivo e o segundo chegou a 3.9 milhões. Se os próximos episódios continuarem a registrar queda, ela poderá ser retirada do ar ainda em outubro. Mesmo assim, o Parents Television Council, órgão que pratica vigilância do conteúdo exibido na televisão, já emitiu uma nota à imprensa exigindo do canal o seu cancelamento imediato. Classificando a produção como degradante, a instituição  convoca as pessoas a boicotarem os produtos anunciados durante os intervalos comerciais.

Quem assiste à série não vê a tal degradação tão ressaltada pelo PTC, que costuma ser extremista em suas opiniões. Mas, por outro lado, também não encontra um bom programa para acompanhar. Como previsto, “The Playboy Club” consegue banalizar e esvaziar um período culturalmente rico da história americana. O maior problema da série, a julgar pelos primeiros episódios, é se apoiar demais na marca Playboy, representada pela imagem que o público tem da revista. Com isso, deixa de lado o potencial humano e social que existe por trás.

O Playboy Club não é a revista. Ele é a continuação de uma antiga tradição que, no Ocidente, teve início na Europa no Século XVIII. Tal como hoje ocorre com as comunidades temáticas na Internet, a sociedade viu surgir clubes exclusivos, que reuniam homens com interesses comuns. Assim, existiam clubes de caça, de literatura, de arte, de partidos políticos, etc. Estes eram lugares onde os homens poderiam se reunir e conversar à vontade, fazendo novas amizades ou negócios e trocando ideias, sem se preocuparem com a presença feminina. Tornar-se sócio de um desses clubes era sinônimo de aceitação social, status e poder. As mulheres também tinham seus próprios clubes voltados aos seus interesses, que geralmente serviam para praticar ações sociais. Um desses clubes femininos teve, inclusive, participação significativa na aprovação da Lei Seca, nos EUA.

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Esta tradição de homens terem a obrigação de pertencer a um ou mais clubes durou até a década de 1960 do Século XX, período retratado na série. A partir da década de 1970, essa cultura começou a se dispersar. Não tenho conhecimento se os clubes da Playboy foram os primeiros a aceitar a presença de mulheres em suas instalações mas, elas acabaram entrando nesse mundo pela porta dos fundos, atuando como serviçais e prostitutas. Ao menos, assim elas eram vistas por boa parte da sociedade.

Ao longo dos anos, diversas mulheres que trabalharam como coelhinhas dos clubes Playboy deram entrevistas ou publicaram livros narrando como era sua rotina de trabalho. Uma delas foi Susan Sullivan, atriz que hoje interpreta a mãe de “Castle” na série da ABC, que trabalhou durante um ano no Clube Playboy de Nova Iorque. Em 1963, a jornalista Gloria Steinen escreveu o artigo “I Was a Playboy Bunny”, publicado na revista Esquire, no qual narrou suas experiências como coelhinha em um clube, emprego que ela arranjou apenas para poder escrever a matéria.

Para muitas das mulheres da época, o clube representava uma forma de se colocar no mundo. Vindas do interior, onde foram criadas por famílias opressoras, elas chegavam na cidade grande sem qualquer qualificação, buscando oportunidades e uma identidade própria. Outras tentavam vida nova após um casamento fracassado, outras apenas precisavam do dinheiro e havia aquelas que buscavam glamour ou um marido rico. Seja qual for o motivo, elas se encontravam no clube, cada uma com uma história.

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As razões pelas quais as mulheres sonhavam em se tornar coelhinhas está presente na série. Afinal, a produção tem como base o livro biográfico “The Bunny Years”, de Kathryn Leigh Scott, ex-coelhinha que atuou em um dos clubes da Playboy. Mas a série não consegue capturar essa cultura, seja aquela que se refere às mulheres que se tornam coelhinhas ou aquela que traz uma nova roupagem à tradição masculina de se reunir em clubes exclusivos. Deixando-se levar pelo nome do clube, os roteiristas parecem não ter noção da riqueza histórica e cultural que têm nas mãos. Qualquer história, até aquela que eles escolheram, poderia ser contada, desde que esse background cultural pudesse se fazer presente como base da trama.

A proibição de explorar cenas de sexo e nudez deveria ser uma desculpa para os roteiristas investirem na riqueza do tema e nas diversas possibilidades que ele oferece, incluindo de metáforas. Mas eles preferem ficar do lado de fora, olhando para ‘o brilho da água da piscina, ao invés de mergulhar nela’. A série está mais preocupada em chamar a atenção do público pela marca que ela explora, e em pontuar algumas questões sociais, do que em desenvolver personagens e seus relacionamentos humanos que, por si só, já retratariam essas questões. A história e os personagens têm potencial, mas o desenvolvimento é muito frouxo e o elenco também não ajuda. Com atuações sofríveis, os atores parecem perdidos, ‘pisando em ovos’.

Ao escolherem situar a história no Clube de Chicago, que foi o primeiro a ser aberto, em 1960, os roteiristas também trouxeram para a série a possibilidade de relacionar a máfia com as atividades do clube. É de conhecimento público que mafiosos dominaram o mundo do entretenimento dos clubes noturnos nos EUA. Muito embora nestes primeiros episódios a série não sugira que a máfia estivesse envolvida com a administração dos clubes da Playboy, eles se fazem presentes como clientes. Além disso, o gerente do clube é um ex-colaborador da máfia, com quem ainda mantém uma relação sociável.

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Assim, a série abre sua história com uma das coelhinhas matando um chefe mafioso com o salto agulha de seu sapato. Figurativamente, a cena mostra a mulher utilizando sua feminilidade e sexualidade para seduzir e dominar o mundo masculino, forçando sua entrada. Depois disso, ela não poderia mais voltar atrás, mesmo se quisesse.

A cena também determina, logo no início, que a protagonista da série é Maureen (Amber Heard) e não Nick, o gerente do clube. O personagem é interpretado por Eddie Cibrian, que substituiu Jeff Hephner, ator que foi originalmente escolhido para o papel. Nick é, a princípio, um coadjuvante da história. Maureen busca a ajuda dele que, pela prática, sabe como se livrar de um corpo. O caso se torna um segredo entre os dois, o que acarreta em uma sequência ridícula de mal entendidos entre a jovem e a namorada de  Nick, a coelhinha mais velha do Clube e supervisora das demais.

Em função do título e do tema da série Maureen não pode ir embora e é aí que a história começa a enfraquecer. Tendo a obrigação de ficar presa ao lugar, a personagem enfraquece, criando uma relação sofrível com os demais personagens, em especial a namorada de Nick, que se torna sua rival.

Os demais personagens são como ‘bandeiras hasteadas’ pelos roteiristas para levantar alguma questão social que lhes interessa. Entre elas, temos a mulher que sonha em se tornar a primeira negra a estampar na capa da revista; a esposa que precisa trabalhar para ajudar nas finanças da casa; a lésbica que doa parte de seu salário a grupos de apoios à comunidade gay; e a mulher que fugiu do marido violento. Mas como as personagens da série são rasas, elas não definem suas funções a ponto de criarem expectativas de bom desenvolvimento em torno delas.

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Neste primeiro momento, a máfia não tem presença significativa, a não ser pelo fato de que Maureen matou um deles. Mas já foi divulgado pela imprensa americana que Billy Zane será visto interpretando o irmão do falecido em diversos episódios. Resta saber o que acontecerá primeiro: a entrada de Zane ou o cancelamento da série.

Embora esperado, é decepcionante ver que os produtores não tiveram um cuidado maior, tendo em visto que “The Playboy Club” foi o primeiro piloto de uma produção dramática encomendado pela NBC, já sob o comando de Robert Greenblatt, diretor de programação que, ao assumir o cargo do início de 2011, deu partida a uma nova fase de produção para a emissora. E visto que as demais séries que estrearam pelo canal até o momento também não valem a pena, podemos imaginar que a NBC ainda está longe de recuperar o brilho de outrora.

The Playboy Club” estreia no Brasil no dia 6 de novembro, às 22h, pelo canal FX em sua versão original com legendas.

 

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Por Fernanda Furquim: @fer_furquim

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=P3wCuck2Wzg&w=620&h=330%5D

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