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25 anos de ‘Murphy Brown’

Murphy Brown, uma das topical sitcoms da rede aberta americana, celebrou este ano 25 anos de produção. Criada por Diane English, a série deu à Candice Bergen cinco Emmy de melhor atriz, sendo que a produção ganhou um total de dezoito prêmios da Academia. A série deu continuidade à trajetória iniciada por Que Garota!/That Girl […]

Por Fernanda Furquim Atualizado em 31 jul 2020, 04h48 - Publicado em 14 dez 2013, 18h42
(E-D) Schaud, Regalbuto, Bergen, Kimbrough e Ford em 1988. (Foto: CBS/Arquivo)

(E-D) Schaud, Regalbuto, Bergen, Kimbrough e Ford em 1988. (Foto: CBS/Arquivo)

Murphy Brown, uma das topical sitcoms da rede aberta americana, celebrou este ano 25 anos de produção. Criada por Diane English, a série deu à Candice Bergen cinco Emmy de melhor atriz, sendo que a produção ganhou um total de dezoito prêmios da Academia.

A série deu continuidade à trajetória iniciada por Que Garota!/That Girl e Mary Tyler Moore, nos anos de 1960 e 1970, que apresentavam a vida de uma mulher solteira em busca de uma realização profissional.

No caso de Murphy Brown (Bergen), ela já era profissionalmente realizada. O que estava faltando era organizar sua vida pessoal, ou seja, fazer o caminho contrário de suas predecessoras.

A sitcom surgiu em 1988 como uma sátira política e cultural que tinha como foco uma famosa jornalista premiada recém saída da clínica Betty Ford, onde se internou para livrar-se da dependência ao álcool. Divorciada, com quarenta anos de idade, briguenta, competitiva e com muita garra para defender suas opiniões, Murphy é a comentarista política do telejornal FYI.

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Quando ela volta para o trabalho, descobre que o novo produtor do telejornal tem pouco mais da metade da sua idade e de sua experiência. Tendo feito carreira em programas de canais públicos, Miles Silverberg (Grant Shaud) está ansioso para deixar sua marca em um veículo comercial. Mas, para tanto, ele precisa primeiro conquistar a confiança e o respeito de Murphy. Apesar de ingênuo, neurótico e temer as reações de Murphy, Miles demonstra ter pulso para comandar o telejornal.

Outra novata na equipe é Corky Sherwood (Faith Ford), ex-miss América que ficou com a vaga de Murphy enquanto ela esteve fora. Graças à audiência que ela conseguiu gerar, Corky consegue se manter no telejornal depois que Murphy retoma seu posto. Assim, ela passa a cobrir matérias sobre temas diversos embora, na maioria das vezes, ela não entenda ‘uma vírgula’ sobre o assunto que está cobrindo.

Na equipe também estão Jim Dial (Charles Kimbrough), o mais velho e experiente do grupo que atua como âncora do telejornal. Sempre preocupado com sua reputação, Jim já deixou para trás o tempo em que desafiava seus superiores para defender suas ideologias. Isto não o impede de continuar formando suas opiniões ou de sentir saudades dos bons e velhos tempos, época em que Edward Murrow e Walter Cronkite faziam com que os jornalistas sentissem orgulho de sua profissão. Outro membro da equipe é Frank Fontana (Joe Regalbuto), um jornalista investigativo que enfrenta constantemente sua própria insegurança, a qual o impede de estabelecer seu nome. Razão pela qual ele é um dos grandes admiradores de Murphy, sua melhor amiga.

No elenco também estavam Pat Corley, como Phil, o dono do bar frequentado pela equipe do FYI; e Robert Pastorelli, como o pintor Eldin Bernecky, contratado para reformar a casa de Murphy, serviço que ele levou anos para terminar.

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(E-D) Ford, Kimbrough, Regalbuto e Tomlin em 1997. (Foto: CBS/Arquivo)

(E-D) Ford, Kimbrough, Regalbuto e Tomlin em 1997. (Foto: CBS/Arquivo)

English já tinha trabalhado com a CBS antes de criar Murphy Brown, seu único sucesso. Ela foi a criadora e produtora de Foley Square e produtora executiva de My Sister Sam, duas produções de curta duração do canal. Em 1987, ela apresentou para a CBS sua ideia para uma nova série.

Embora não tenha entendido a proposta da sitcom, o canal bancou o desenvolvimento do projeto. Digo que não entendeu porque ele pediu que English fizesse algumas ‘mudancinhas’ na construção da personagem principal.

Ao invés de ser uma mulher que está fazendo quarenta anos, a CBS queria que a série iniciasse com Murphy celebrando seus trinta anos, para que a personagem pudesse ser interpretada por Heather Locklear (Melrose Place), com o objetivo de atrair uma audiência mais jovem. Além disso, o canal achou que geraria muita polêmica se Murphy fosse uma alcoólatra (e fumante inveterada) que passou um tempo em uma clínica de desintoxicação. Por isso, pediu que Murphy voltasse ao trabalho depois de passar um período em um spa, onde ela teria se internado para aliviar o estresse.

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Se English tivesse feito estas mudanças, a personagem perderia uma referência importante de sua personalidade, bem como de seu comportamento, visto que sua urgência em resolver sua vida pessoal tinha como base o fato dela estar entrando na crise da meia-idade.

Por sorte, as alterações não puderam ser feitas porque logo em seguida o Sindicato dos Roteiristas entrou em greve. O que significava que English não poderia mexer no roteiro do episódio piloto que já estava pronto para ser filmado. Para não atrasar o cronograma, o canal filmou o roteiro.

O piloto foi bem recebido e a série foi aprovada, estreando no dia 14 de novembro de 1988. Murphy Brown não conseguiu causar uma grande impressão no público durante as duas primeiras temporadas. Longe de figurar entre as dez ou vinte maiores audiências da TV americana, a popularidade da série sofreu uma reviravolta quando ela entrou para sua terceira temporada.

Nesta fase, English decidiu bagunçar ainda mais a já complicada vida pessoal de Murphy, dando à personagem uma gravidez não planejada. Em um de seus encontros com o ex-marido, Murphy fica grávida. Ela então decide se tornar mãe solteira, algo que, para English e muitos dos membros da equipe de produção, era uma decisão perfeitamente normal. Mas estamos falando de uma época em que o público recém se despedira de Caras e Caretas/Family Ties e Cosby Show, que tinham dominado o gênero comédia familiar por quase dez anos. A decisão da personagem não agradou o então vice-Presidente dos EUA Dan Quayle que, em um discurso na vida real, criticou a decisão da personagem, acusando-a de deturpar os valores familiares da sociedade americana.

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A repercussão dada à série a levou a figurar em sexto lugar na audiência da temporada de 1990-1991, sendo que ela permaneceria entre as dez mais até a sétima temporada, quando caiu para o décimo sexto lugar. A decisão da personagem e a crítica de Quayle geraram diversos debates na mídia sobre a diversidade, algo que costumava ocorrer com mais frequência na década de 1970, quando as topical sitcoms Tudo em Família, Mary Tyler Moore, The Jeffersons, Maude e Mash (entre outras) estavam em seu auge.

(E-D) Grant Shaud, Diane English, Candice Bergen, Faith Ford, Joe Regalbuto e Charles Kimbrough em 11 de dezembro de 2013 (Foto: Theo Wargo/Getty)

(E-D) Grant Shaud, Diane English, Candice Bergen, Faith Ford, Joe Regalbuto e Charles Kimbrough em 11 de dezembro de 2013 (Foto: Theo Wargo/Getty)

A série começou a perder fôlego a partir da quinta temporada, depois que English deixou a produção. Na penúltima temporada, Murphy Brown sofreu com a troca de atores. Shaud decidiu deixar o elenco, sendo substituído por Lily Tomlin, que interpretou Kay Carter-Shepley, cuja única experiência era a de produzir um game show. Ao longo dos anos, Corley e Pastorelli também deixaram o elenco.

Na despedida da série, os produtores decidiram dar à personagem um último desafio, o qual lhe permitiria revelar mais uma vez sua vulnerabilidade: Murphy é diagnosticada com câncer de mama. A CBS não gostou da ideia e tentou convencê-los a transformar o câncer em menopausa. No bate boca, os produtores ganharam e Murphy passou sua última temporada enfrentando a doença e se submetendo à quimioterapia. Uma nova polêmica surgiu quando Murphy decide fazer uso da maconha medicinal para controlar os efeitos do tratamento. Os ataques contra a série aumentaram depois que, tendo que passar por uma mastectomia, Murphy decide escolher o tamanho de seus seios protéticos.

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Com dez temporadas produzidas Murphy Brown termina com a personagem passando pela cirurgia de remoção dos seios, durante a qual ela entrevista Deus.

Apesar do sucesso e de sua importância na época, a série não conseguiu gerar audiência (e lucro) nas reprises. Muito do seu texto é datado e várias piadas se perderam pelo caminho. A tentativa de lançar Murphy Brown em DVD também foi fracassada, visto que a primeira temporada teve um baixo volume de vendas. Isto, aliado ao alto custo do uso da trilha sonora (composta de músicas da Motown), determinou o cancelamento da série nesta mídia.

Embora esteja fadada a ser esquecida pelo grande público, a série cumpriu a função de abordar o universo da mulher na meia-idade. Murphy Brown deu continuidade à Mary Tyler Moore, servindo de ponte para que Liz Lemon, de 30 Rock, pudesse existir.

Celebrando os 25 anos da série, o elenco e sua criadora se reuniram em um evento organizado pelo Museum of Modern Art de Los Angeles esta semana (foto acima).

Cliquem nas imagens para ampliar.

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