Série ‘Harry e Meghan’ chove no molhado ao narrar drama conhecido do casal
Nos três primeiros episódios do documentário da Netflix, dupla destrincha a narrativa que já foi explorada à exaustão sobre saída da realeza
Ao ser questionada sobre a razão de ter topado fazer um documentário sobre sua história ao lado do príncipe Harry, a atriz Meghan Markle explica que quer retomar a narrativa de sua vida — a qual foi explorada de forma tão exagerada e sensacionalista pelos tabloides ingleses. Esse é o mote de Harry e Meghan, série documental da Netflix em seis episódios – dos quais três foram lançados nesta quinta-feira, 8, e mais três chegam na semana que vem, no dia 15. A resposta não difere da que ela deu à apresentadora Oprah, em março de 2021, quando concedeu a primeira grande entrevista após a saída do casal da realeza britânica. A sensação de déjà vu não para aí. O racismo enfrentado por Meghan, a falta de apoio da família real e os excessos da mídia inglesa, tópicos já revelados por ambos em outras ocasiões, pautam os primeiros episódios do programa — totalmente produzido pela dupla, que tomou de vez as rédeas da narrativa sobra a própria vida.
Como já havia feito, Harry comparou a esposa à sua mãe, a princesa Diana, e relembrou as dores de tê-la perdido para uma tragédia provocada pelo excesso de atenção que a família real atrai. O elemento racial da relação — Meghan é filha de uma mulher negra com um homem branco — é o mote que tenta dar substância ao documentário para além da fofoca. Meghan conta sobre episódios de racismo vivido por sua mãe, Doria Ragland — a própria, aliás, fala sobre sua experiência e como se arrepende de não ter tido conversas mais francas com a filha sobre preconceito no passado. “Alguns membros da família eram como minha esposa, tiveram que passar por isso, então ‘por que sua namorada deveria ser tratada de maneira diferente?’, ‘por que você deveria receber tratamento especial?’, ‘por que ela deveria ser protegida?’. Eu disse que a diferença aqui é o elemento raça”, explicou Harry sobre o assédio excessivo em torno de Meghan.
A produção adiciona à história dos dois mais elementos políticos, como a xenofobia crescente em meio ao Brexit, ao mesmo tempo em que Harry e Meghan começavam a relação. O tema ganhou um elemento espinhoso recentemente: a madrinha do príncipe William renunciou o papel de ajudante real após uma acusação de racismo na semana passada. A família real, porém, preferiu não se comentar sobre o documentário do príncipe rebelde. Ironicamente, ao tentar se proteger do excesso de atenção, Harry e Meghan se expõem ainda mais, com registros inéditos de sua rotina e imagens um tanto controladas dos dois filhos — elementos que prometem atrair uma altíssima audiência para a Netflix, mas não a paz que ambos dizem querer.