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Na Netflix, curta de brasileiro no Oscar emociona com dramas de sem-tetos

‘Onde Eu Moro’ acompanha a vida de pessoas em situação de rua em grandes cidades dos Estados Unidos

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 fev 2022, 17h49

Em apenas 39 minutos, o curta Onde eu Moro, da Netflix, capta a essência primordial do retrato de um morador de rua: eles são seres humanos. “Quando a polícia vem me enxotar, eu falo: eu sou como vocês, eu faço as mesmas coisas que vocês. Eu escovo os dentes, eu como, mas faço tudo isso em diferentes lugares, enquanto quem tem uma casa faz num lugar só”, diz um dos entrevistados. Indicado ao Oscar na categoria de melhor documentário de curta-metragem, o filme é co-dirigido pelo americano Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kos – único representante do Brasil na premiação deste ano.

Nascido no Rio de Janeiro, Kos se mudou para os Estados Unidos na adolescência, e estudou teatro na Universidade de Yale. Sua primeira experiência com a premiação de Hollywood foi com a edição de Lixo Extraordinário, com o artista plástico Vik Muniz, indicado ao Oscar na categoria de documentário em 2011. Recentemente, esteve envolvido com roteiro e/ou direção de diferentes filmes, da série da HBO The Vow (2020) ao documentário pop Privacidade Hackeada (2019), produção da Netflix sobre o escândalo da Cambridge Analytica.

Kos e Shenk começaram a filmar Onde Eu Moro de forma despretensiosa, acompanhando pessoas em situação de rua em Los Angeles. O projeto se expandiu, depois, para San Francisco e Seattle. Com o apoio de organizações não governamentais, que prestam assistência aos sem-tetos, os cineastas conheceram pessoas de variadas idades e etnias com experiências distintas que as levaram às ruas. Desde uma mãe fugindo de um ex-namorado abusivo passando por casos de desemprego e alugueis altos até pessoas com distúrbios mentais e passagem pela prisão, com dificuldades de se reinserir na sociedade.

Sem perder tempo com especialistas e jargões econômicos, o curta se presta a ouvir essas pessoas. As imagens de longos acampamentos improvisados nas calçadas e de albergues saturados de pessoas em beliches se mescla a cenas de prédios enormes e luxuosos sendo construídos e de uma reunião de bairro em protesto contra a criação de um centro para acolher sem-tetos, taxados pelos moradores como usuários de drogas e a sugestão de que seriam de etnias indesejáveis. Vencer a barreira do preconceito é um dos primeiros passos para entender que há uma crise grave a ser resolvida no setor da moradia – essa é a missão a qual o curta se presta.

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