Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Tela Plana Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
Continua após publicidade

Lampião 3.0: ‘Cangaço Novo’ é faroeste moderno — e violento — no sertão

No seriado, o diretor Aly Muritiba transpõe o universo dos bandoleiros nordestinos para os dias atuais e traça um exame moral da corrupção pelo crime

Por Thiago Gelli Atualizado em 19 ago 2023, 12h40 - Publicado em 19 ago 2023, 08h00

No meio da Caatinga cearense, uma fila se forma em frente ao banco em dia de pagamento. O marasmo dos assalariados, então, é perturbado pelo som de tiros e caminhonetes barulhentas que anunciam: bandidos do sertão chegaram para mais um assalto. O título do seriado Cangaço Novo, já disponível no Amazon Prime Video, não deixa dúvida do que se fala aqui: filmada na Paraíba por cinco meses e com elenco nordestino, a produção do cineasta Aly Muritiba, em parceria com Fábio Mendonça, traz uma visão atualizada sobre bandos criminosos como o do mítico Virgulino Ferreira, o Lampião (1898-1938). Saem de cena, porém, os chapéus e cavalos típicos da imagem que se tem desse universo — o cangaço de agora é infinitamente mais violento, profissional e armado até os dentes.

Cangaços

O realismo de Cangaço Novo tem raízes bem conhecidas: volta e meia, afinal, o país acorda estarrecido com assaltos inacreditáveis em cidadezinhas do interior (não só do Nordeste), nas quais bandoleiros fazem a população de gato e sapato, com mortes e explosões. Após desconstruir o cenário árido do sertão no poético longa Deserto Particular, o baiano Muritiba agora quer transmitir a quem assiste à série a sensação de ser também “praticamente assaltado e feito refém”, afirmou ele a VEJA. A escala da produção é grande e a adrenalina corre solta. Na sequência impactante do assalto ao banco, o grupo criminoso deixa a cena em alta velocidade, como se Mad Max ocorresse no sertão cearense.

Cinema e teatro: Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe

Longe de Hollywood, porém, as referências principais vêm da ação cru latino-americana e respondem a abordagens do próprio cinema nacional e de diversas produções da Globo que já desbravaram o cangaço na ficção. Após o pungente Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), clássico do Cinema Novo de Glauber Rocha, outros retratos foram por vezes romantizados e dramáticos, ou francamente fantasiosos e inofensivos — como é o caso da novela de sucesso Cordel Encantado (2011), com seu bando aparvalhado de cangaceiros.

Continua após a publicidade

Em Cangaço Novo, Muritiba e Mendonça não só adicionam violência ao caldeirão: eles investem no exame moral de anti-heróis que, na linha da americana Breaking Bad, são movidos a princípio por uma causa ou necessidade, mas se inebriam com o crime e tornam-se seus reféns. O protagonista Ubaldo (Allan Souza Lima) é um bancário que pena para financiar o tratamento de saúde do pai adotivo, até descobrir que teria direito a uma herança na cidade fictícia de Cratará. Ele parte para recuperar o que lhe pertence, mas lá descobre ser descendente de um famoso cangaceiro, entrando numa disputa de poder na família e no bando que adota. Num faroeste sertanejo, dramas assim se resolvem à bala.

Publicado em VEJA de 18 de agosto de 2023, edição nº 2855

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Cangaços
Cangaços
Cinema e teatro: Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe
Cinema e teatro: Deus e o diabo na terra do sol e Terra em transe

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.