Famosos no ‘BBB 22’: o tiro que saiu pela culatra para a Globo
Temendo cancelamentos e pregando paz e amor, figuras como Pedro Scooby e Thiago Abravanel fizeram do programa um jogo morno e tedioso
Jade Picon é a mais nova eliminada do BBB 22. A participação da influencer, escorraçada da casa com 84,93% dos votos na noite dessa terça-feira, 8, atesta o dilema que a participação das celebridades no programa impõe de forma cada mais gritante para a Globo. Vistos pela emissora como uma fonte segura de reavivamento da atração, os famosos foram uma aposta de bom resultado no BBB do ano passado. Mas, na edição deste ano, surgiu um complicador que ameaça a estratégia da Globo: traumatizadas pelos cancelamentos pesados de 2021, as celebridades embarcaram na aventura do BBB 22 para lá de escaldadas. Sem necessidades financeiras, e usando a visibilidade do reality como um palanque para a limpeza de imagem e publicidade gratuita, boa parte dos famosos adotaram uma postura “anti-jogo”, chata de assistir e na qual até mesmo combinar voto para defender os aliados – uma estratégia inteligente, e sempre presente no programa – é visto como um crime sujeito a punição no mundo das redes lá fora.
Nessa onda do anti-jogo, Pedro Scooby é rei. Surfista bem-sucedido, o participante chegou a cogitar deixar a casa para curtir o Carnaval e, não raro, diz não ter a mínima ideia do que faz ali. No domingo, inclusive, ele ficou extremamente irritado quando Natália afirmou que os meninos têm uma rede de proteção, e lutou com unhas e dentes para dizer que não defende os amigos – crente de que isso seria algo extremamente errado aos olhos do público.
Scooby, porém, ainda não passou das ameaças sobre o desejo de sair – ao contrário de Thiago Abravanel, que abandonou o programa de livre e espontânea vontade na primeira vez em que se sentiu ameaçado por “não saber jogar o jogo”. Se batesse no paredão, porém, Thiago provavelmente seria eliminado, já que o papo de “BBB do amor” e “relações acima do jogo” alardeado por ele não fez muito sucesso entre os espectadores. O que entretém o público, via de regra, são os conflitos que se desenrolam a partir da convivência diária. Forçar amizade com todo mundo em um jogo de eliminação pode deixar celebridades bem na foto nas redes sociais. Mas, dentro do BBB, é um tiro no pé – para ela mesma e para a Globo.
Talvez por isso, Arthur Aguiar tenha despontado como favorito. O ex-Rebelde entrou no programa já cancelado pela infidelidade, e usou a oportunidade para se redimir. Sem nada a perder, se jogou na brincadeira, e acabou ganhando torcida por ser um dos poucos na casa que se propõem a viver a atração pelo que ela é: um jogo de estratégias. É fato que Jade Picon fez o mesmo, mas ela escancara outro calcanhar de Aquiles na estratégia dos camarotes: além do anti-jogo, que domina boa parte do grupo, há ainda uma falta de identificação com o público, exposta no seu discurso fracassado de permanência no domingo. Milionária desde a infância, a garota de 20 anos apelou para ficar, alegando que doaria o prêmio para instituições de caridade. Em vez de inspirar solidariedade, a cartada soou como soberba – afinal, ela não precisa do prêmio nem mesmo para fazer caridade.
As celebridades vacilantes provocaram, ainda, aquele que é o pior cenário para um BBB em busca de empolgação: sua postura acabou contaminando até os anônimos na casa pelo anti-jogo. É uma dor de cabeça e tanto para a Globo, que se desdobra para criar dinâmicas que quebrem o marasmo da colônia de férias em rede nacional, que amarga uma das piores audiências desde o início da exibição do programa, em 2002. E é um porre para o público, ponto.