Cancelamento e corte de gastos: o efeito da queda de assinantes na Netflix
Líder do mercado de streamings, a plataforma está tendo que repensar a estratégia de crescimento para os próximos anos
Depois de registrar uma perda de 200 mil assinantes no primeiro trimestre do ano, e projetar mais 2 milhões de baixas para os próximos meses, a Netflix está tendo que repensar suas estratégias de crescimento e produção de conteúdos. No domingo, 1, o Deadline informou que a plataforma cancelou a animação Pearl, que seria criada por Meghan Markle, depois de registrar quedas nas ações em decorrência da perda de assinantes. A duquesa de Sussex, porém, não foi a única vítima dos cortes de gastos.
Durante uma entrevista recente, o diretor financeiro Spencer Neumann informou que o streaming terá que “recuar” em alguns de seus gastos nos próximos anos, focando mais em qualidade que em quantidade. Os funcionários, no entanto, também tem sentido o impacto. Segundo noticiado essa semana pelo LA Times, a empresa cortou uma série de trabalhadores ligados ao marketing depois da perda de usuários. A maior parte dos colaboradores era da equipe do Tudum, site lançado em dezembro do ano passado para oferecer conteúdo aos fãs. No total, estima-se que 25 cargos tenham sido limados, segundo informações do Deadline.
Já na manhã de hoje, o The Guardian noticiou que a plataforma pode perder séries de sucesso para outros streamings no Reino Unido. Friends, por exemplo, que no Brasil faz parte do catálogo da HBO Max, pode deixar a Netflix quando o streaming da Warner Bros. chegar às terras da rainha. Com o lançamento do Paramount+ por lá agendado para o verão europeu, a plataforma também perdeu quase que completamente a franquia de Star Trek, estimada em mais de 50 milhões de euros no velho continente.
Quando a empresa anunciou os resultados do trimestre, a perda inédita de assinantes assustou os investidores, que ficaram ainda mais ressabiados com a projeção de uma queda de milhões de assinantes nos próximos meses. O mercado reagiu à incerteza, e as ações da empresa chegaram a perder 20% de seu valor de mercado no início de abril. De lá para cá, os executivos assumiram que planejam, em um futuro próximo, recorrer a assinaturas baseadas em anúncios, com um preço reduzido para os clientes. A plataforma também tem tentado minimizar as perdas que sofre com o compartilhamento de senhas.
Mesmo assim, a Netflix segue na dianteira da guerra dos streaming, com mais de 221 milhões de seguidores em sua base de clientes. No Brasil, a vice-presidente de conteúdo Elisabetta Zenatti afirmou em entrevista a VEJA que a queda não deve afetar diretamente as produções nacionais, que seguem a todo vapor. Para outras gigantes do entretenimento, porém, como a Disney e a Warner, a balançada da concorrente pode ser uma oportunidade de ganhar terreno na disputa pelo mercado.