Além da minissérie Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, sobre os jovens Lyle e Erik, que assassinaram cruelmente os próprios pais, José e Kitty, a Netflix lançará em breve o documentário Os Irmãos Menendez, com depoimentos feitos pelos criminosos condenados diretamente da Instituição Correcional Richard J. Donovan em San Diego, Califórnia, onde a dupla cumpre a pena de prisão perpétua sem direito a condicional. “Todo mundo pergunta por que matamos nossos pais. Talvez agora as pessoas possam entender a verdade.”, diz Lyle em um áudio da prisão. O documentário estreará na plataforma em 7 de outubro. Segundo a produção, é a primeira vez que os irmãos dão uma entrevista, mais de 35 anos após o crime.
Ainda no trailer divulgado nesta segunda-feira, 23, Erik declara que Lyle foi a única pessoa a protegê-lo. “O que aconteceu naquela noite é muito bem conhecido, mas muito não foi contado. Houve um espetáculo midiático desde o início, então não fomos nós que contamos a história sobre nossas vidas. Nós parecíamos a família perfeita, mas entre quatro paredes algo muito errado estava acontecendo. Duas crianças não cometem esse crime por dinheiro. E existem pessoas que não acreditam que eu deva passar o resto da minha vida na prisão”, completou.
Irmão Menendez critica a Netflix
Um dos irmãos Menendez — dupla condenada pelo assassinato dos próprios pais, José e Kitty Menendez — reclamou da série dramática da Netflix que retrata o caso, Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais. Preso na Instituição Correcional Richard J. Donovan em San Diego, Califórnia, Erik Menendez emitiu uma declaração através de sua esposa, Tammi Menendez, que publicou a carta aberta no X, antigo Twitter, nos Estados Unidos. O criminoso condenado disse que a plataforma de streaming exibe “representações de personagens ruinosas” e acusou Ryan Murphy, showrunner da série, de más intenções com a produção.
Atualmente com 53 anos, Erik cumpre pena de prisão perpétua sem direito a condicional junto ao seu irmão, Lyle, de 56 anos. A Variety publicou a declaração do irmão caçula, mas não deixou claro como o preso teve acesso à série documental. “Eu acreditava que tínhamos superado as mentiras e as representações ruinosas de Lyle, criando uma caricatura de Lyle enraizada em mentiras horríveis e descaradas espalhadas pelo show. Só posso acreditar que elas foram feitas de propósito. É com o coração pesado que digo, acredito que Ryan Murphy não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas para fazer isso sem má intenção”, começou Erik.
“É triste para mim saber que o retrato desonesto da Netflix das tragédias que cercam nosso crime levou as verdades dolorosas vários passos para trás – de volta no tempo para uma era em que a promotoria construiu uma narrativa em um sistema de crenças de que os homens não eram abusados sexualmente e que os homens vivenciavam o trauma do estupro de forma diferente das mulheres. Essas mentiras horríveis foram contestadas e expostas por inúmeras vítimas corajosas nas últimas duas décadas que romperam sua vergonha pessoal e falaram bravamente. Então agora Murphy molda sua narrativa horrível por meio de retratos de personagens vis e terríveis de Lyle e de mim e calúnias desanimadoras”, continuou.
Erik concluiu o comunicado lamentando que Murphy minou com décadas de processo em iluminar o tema de traumas de infância: “A verdade não é suficiente? Deixe a verdade permanecer como a verdade. Quão desmoralizante é saber que um homem com poder pode minar décadas de progresso em lançar luz sobre traumas de infância. A violência nunca é uma resposta, nunca é uma solução e é sempre trágica. Como tal, espero que nunca seja esquecido que a violência contra uma criança cria uma centena de cenas de crime horrendas e silenciosas, sombriamente sombreadas por trás de glitter e glamour e raramente expostas até que a tragédia penetre todos os envolvidos. A todos aqueles que me estenderam a mão e me apoiaram, obrigado do fundo do meu coração”.
Na minissérie da Netflix Monstros – Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, Javier Bardem interpreta o pai, Jose Menendez, e Chloë Sevigny é vive a mãe deles, Kitty Menendez. Nicholas Chavez e Cooper Koch interpretam seus filhos e assassinos, Lyle e Erik Menendez, respectivamente.
O que aconteceu com Lyle e Erik Menendez
Em 20 de agosto de 1989, José e Mary Louise Kitty Menendez foram mortos a tiros em sua mansão em Beverly Hills. Quase sete anos, três julgamentos e milhares de horas de cobertura da imprensa depois, seus filhos, Lyle e Erik Menendez, foram considerados culpados de seus assassinatos e sentenciados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Na época do crime, Lyle tinha 21 anos, e Erik, 18.
O crime com requintes de crueldade se tornou um dos casos mais famosos dos Estados Unidos no final do século XX, graças à uma mistura potente de drama familiar, conexões com Hollywood, testemunho dramático e a capacidade da TV a cabo de cobrir histórias assim por muitas horas. Conforme os procedimentos judiciais se desenrolavam, não havia dúvidas de que Lyle e Erik tinham matado seus pais. Por que eles fizeram isso era outra história.
Erik Menendez e Lyle Menendez cresceram em bairros de classe alta, mas começaram a roubar por diversão na adolescência. A dupla matou o pai, um executivo de Hollywood, à queima-roupa com seis tiros da espingarda e a mãe, com dez. Os dois ligaram para a polícia dizendo que encontraram os pais mortos e deram como álibi uma ida ao cinema. Entretanto, a mansão não tinha sinais de arrombamento. Pouco tempo após o assassinato, Lyle e Erik começaram a gastar a herança com carros de luxo, roupas de grife e equipamentos de marcas caras. Em seis meses, tinham gasto mais de 1 milhão de dólares, levantando suspeitas. A polícia decidiu investigar os irmãos e descobriu que Erik tinha comprado uma espingarda poucos dias antes do crime. Ele também foi denunciado pela namorada de seu psicólogo, após o terapeuta ter sido ameaçado pelos irmãos, e registros das consultas em que os assassinatos dos pais eram tratados foram aceitas como provas.
Em 1993, Erik e Lyle confessaram o crime. No julgamento, a promotoria que assumiu o caso alegou que o crime foi motivado por ganância, já que ambos queriam a herança a que tinham direito. Já a defesa argumentou que o motivo real era uma vingança por terem sido supostamente abusados sexualmente por José, com conivência de Kitty. Durante o julgamento, não foi possível provar qualquer abuso sexual, deixando o júri em um impasse. A dupla só foi condenada sete anos após o crime, em 1996, em um terceiro julgamento. Atualmente, eles cumprem a pena de prisão perpétua.
A história real da família Menendez
José nasceu em Cuba, mas se mudou para os Estados Unidos ainda adolescente, logo após a Revolução Cubana dos anos 1950, morando no sótão de um primo até ganhar uma bolsa de estudos de natação na Southern Illinois University. Ele conheceu Mary Louise Anderson na faculdade, onde a jovem era chamada por seu apelido, Kitty, e era considerada uma das moças mais bonitas do local por ter vencido concursos de beleza da região. Os dois se casaram e se mudaram para Nova York, onde José se formou em contabilidade pela Queens College, depois conseguiu se tornar um executivo de entretenimento bem-sucedido. O casal teve os dois filhos, Lyle, depois de três anos Erik, e se mudou para Nova Jersey e depois Los Angeles, onde José Menendez se tornou um empresário do ramo musical.
Na noite do crime, os irmãos chegaram em casa e atiraram em José e Kitty, que ficaram quase irreconhecíveis pela quantidade de tiros em suas cabeças. Dada a brutalidade do assassinato, a polícia cogitou ter sido uma morte com envolvimento de máfia. Os jovens, então com 18 e 21 anos, contaram para a polícia que estavam no cinema no momento do crime.
Nos meses seguintes, porém, os dois começaram a gastar a enorme fortuna da família, avaliada em 14 milhões de dólares, com relógios, roupas e carros de luxo — despertando as suspeitas da polícia. Os irmãos acabaram confessando o crime em sessões de terapia, e as gravações foram aceitas no julgamento. Lyle foi preso em 8 de março de 1990. Erik, que estava em Israel na época para um torneio de tênis, voou para Miami e depois para Los Angeles, onde se entregou à polícia em 11 de março daquele ano. O julgamento durou mais de sete anos, e eles foram condenados à prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional. Atualmente, Lyle tem 56 anos, e Erik, 53, e os irmãos cumprem a pena na Instituição Correcional Richard J. Donovan em San Diego, Califórnia.
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