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Por Kelly Miyashiro
Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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A verdade dura sobre a vida a dois revelada no hit ‘Um Dia’, da Netflix

A minissérie ilumina uma variação curiosa da receita romântica: as tramas que preferem expor as dores de um casal a se render à ilusão dos finais felizes

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 fev 2024, 08h00

Quando foi convidada para o teste de protagonista da minissérie Um Dia, da Netflix, a atriz Ambika Mod de início negou a oportunidade. Fã do livro de mesmo nome de David Nicholls, de 2009, a jovem inglesa sabia o custo emocional que o papel lhe cobraria. Após relutar, ela aceitou mergulhar sem cilindro de oxigênio na adaptação do drama — e não foi sozinha: em sua primeira semana no ar, Um Dia alcançou 35,2 milhões de horas assistidas no mundo. É plausível supor que o spoiler sobre o final da trama já não seja tão secreto: Nicholls vendeu mais de 8 milhões de livros — 600 000 só no Brasil —, tendo Um Dia como carro-­chefe. Em 2011, o sucesso deu origem a um filme com Anne Hathaway que somou 60 milhões de dólares em bilheteria. Para quem não teve contato com o livro ou o filme, a própria Netflix alertou nas redes sociais que um efeito colateral do romance é “chorar bem feio”.

Um dia: Vinte anos, duas pessoas

Ao desafiar a fórmula do típico romance açucarado, no qual o casal enfrenta intempéries, mas acaba junto, Um Dia ilumina uma variação curiosa do gênero: as histórias de amor nas quais o apelo está, quem diria, no final infeliz. Do clássico Casablanca, passando por Titanic e chegando a La La Land, a tradição é antiga no cinema, mas rara entre as séries de TV, que enfim a desbravaram em produções como Fleabag e Normal People. As razões para as rupturas românticas são variadas, da busca por interesses distintos até o extremo da morte. Os desfechos impactam, mas se revelam detalhes de um todo: ao flertar com a realidade, esses roteiros lidam com temas como a sobrevivência ao luto ou a importância de priorizar a si mesmo em uma relação — e sugerem que uma trajetória a dois pode ser mais poderosa que a ilusão da união eterna.

Nós, de David Nicholls
Fleabag: The Scriptures

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Aceitar que um casal pode não terminar junto é uma injunção da vida que a literatura explorou com maestria. No início do século XIX, Jane Austen expôs os meandros socioeconômicos que envolviam o casamento para as mulheres. Em 1868, a americana Louisa May Alcott foi impedida pelo editor de deixar sua protagonista solteira ao fim do livro Adoráveis Mulhe­res — desejo atendido pela diretora Greta Gerwig numa belíssima adaptação de 2019. Em Um Dia, Emma e Dexter (interpretados por Ambika e Leo Woodall) vivem encontros e desencontros por vinte anos, até uma tragédia os separar. Não é justo, porém, reduzir a trama ao final triste. Enquanto o casal enfrenta o revés da diferença de classes e até a luta contra vícios, ambos amadurecem e descobrem a importância da família e das amizades. Como dizia Vinicius de Moraes, que seja infinito enquanto dure.

Publicado em VEJA de 23 de fevereiro de 2024, edição nº 2881

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