Por que os equipamentos que gravam dados dos voos comerciais, obrigatórios na aviação internacional desde a segunda metade dos anos 1950, são chamados de caixas-pretas se, como se viu mais uma vez a propósito das buscas aos destroços do voo 447 da Air France, são pintadas de laranja-cheguei?
Tudo indica que o nome foi herdado de outro equipamento, com funções diferentes, que era usado na Segunda Guerra Mundial pela Royal Air Force, a força aérea britânica: um radar que permitia ao piloto “ver” através das nuvens ou no escuro. Diversos itens eletrônicos empregados na aviação da época eram acondicionados em caixas pretas literais, mas foi esse radar, então uma maravilha tecnológica cujo funcionamento nem os próprios pilotos compreendiam, que entrou para o jargão dos aviadores com o nome de black box.
Na década seguinte, quando os gravadores de dados – um de conversas na cabine, o outro de registros técnicos do voo – se tornaram obrigatórios na aviação comercial, a cor e a inviolabilidade do equipamento o levaram a herdar o nome. Só nos anos 1960 as caixas-pretas passaram a ser pintadas de laranja fosforescente, como forma de facilitar sua localização por equipes de resgate, mas o nome já tinha pegado.
Hoje, como se sabe, caixa-preta é uma expressão usada em sentido metafórico para designar tudo aquilo cuja lógica de funcionamento seja inacessível ao observador.