Assine VEJA por R$2,00/semana
Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

Pode-se achar o que não está perdido?

“Eu sempre ouço as pessoas falarem ‘Eu acho que isso’, ‘Eu acho que aquilo’, porém, ao meu ver, estas pessoas estão erradas pois elas não perderam nada. E quando eu vou corrigi-las algumas reclamam. Afinal, quem está errado? Eu ou elas?” (Felipe Lando) Na suposição de que a consulta tenha sido feita a sério, é […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 12h09 - Publicado em 28 abr 2011, 18h02
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Eu sempre ouço as pessoas falarem ‘Eu acho que isso’, ‘Eu acho que aquilo’, porém, ao meu ver, estas pessoas estão erradas pois elas não perderam nada. E quando eu vou corrigi-las algumas reclamam. Afinal, quem está errado? Eu ou elas?” (Felipe Lando)

    Publicidade

    Na suposição de que a consulta tenha sido feita a sério, é preciso dizer que quem está errado é Felipe, claro. Seu erro tem um vago parentesco com o de quem condena a expressão “risco de vida”, embora à interpretação excessivamente literal se some, aqui, uma espécie de intolerância aos múltiplos significados que um mesmo vocábulo pode ter. Como se achar tivesse o direito de significar apenas “encontrar” e nada mais, quando na verdade conta com dez acepções listadas no Houaiss. Entre elas, “ter impressão ou opinião subjetiva; crer, pensar, considerar”.

    Publicidade

    Se a dúvida do leitor tem solução simples, não deixa de ser uma boa oportunidade para tratar desse verbo tão antigo (datado do século 10) que ainda carrega certa aura de mistério. Seu étimo nunca foi estabelecido com firmeza absoluta, mas a maioria dos estudiosos aceita a tese de uma origem latina: afflare, que significa “bafejar, soprar sobre”, “ser bafejado” ou ainda “cheirar, farejar”. A questão nada simples é traçar os caminhos que vieram dar em seus sentidos modernos.

    O filólogo brasileiro Antenor Nascentes cita uma tese do medievalista francês Édouard Bourciez que é a que mais se aproxima de matar a charada: afflare teria adquirido o significado de “encontrar, localizar, descobrir” no vocabulário dos caçadores – achar a presa era farejá-la, rastreá-la pelo cheiro.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    A acepção de supor, acreditar (sem no entanto ter certeza), pode ter sido desdobrada da mesma ideia: quem acha alguma coisa está confiando apenas em seu faro, em seu bom senso, mas sabe que pode acabar desmentido pelos fatos.

    Faz sentido? Eu acho que sim.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.