Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

O que significa dizer que algo é ‘marca barbante’?

“Caro colunista, venho pedir sua ajuda. Meu avô adorava usar uma expressão que não existe nos dicionários. Quando queria dizer que uma coisa não tinha qualidade, não funcionava direito, era vagabunda, dizia ‘marca barbante’. Nunca ouvi ninguém mais falar assim e não encontro nos livros. O velho estava inventando moda? Agradeço qualquer esclarecimento.” (Claudia Frota) […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 01h00 - Publicado em 6 jul 2015, 14h46
  • Seguir materia Seguindo materia
  •  (/)

    marca-barbante

    “Caro colunista, venho pedir sua ajuda. Meu avô adorava usar uma expressão que não existe nos dicionários. Quando queria dizer que uma coisa não tinha qualidade, não funcionava direito, era vagabunda, dizia ‘marca barbante’. Nunca ouvi ninguém mais falar assim e não encontro nos livros. O velho estava inventando moda? Agradeço qualquer esclarecimento.” (Claudia Frota)

    Não, Claudia, seu avô não inventou a “marca barbante” (ou “marca-barbante”, com hífen, a depender da fonte). Trata-se de uma expressão informal antiga e caída em desuso, mas que teve momentos de glória no século XIX e avançou por parte do século XX.

    Nos dicionários gerais será difícil encontrá-la, mas os pesquisadores de locuções populares a registram. O sentido é esse mesmo que você depreendeu das falas de seu avô: “de marca ordinária, de produto caseiro ou de qualidade inferior”, segundo Raimundo Magalhães Jr.; “inferior, primário, subalterno”, na definição de Luís da Câmara Cascudo.

    Continua após a publicidade

    As explicações dos dois pesquisadores diferem nos detalhes, mas concordam no essencial. Marca barbante era como se chamava “a cerveja local [em] Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, no início da industrialização”, escreve Câmara Cascudo. “As rolhas de cortiça ficavam amarradas de barbantes, evitando que não fugissem no impulso da fermentação.”

    Para Magalhães Jr., a bebida fermentada que deu origem à expressão era a cerveja de gengibre: “Originou-se [a expressão] da fabricação doméstica de gengibirra (bebida obtida por meio da fermentação do gengibre, da casca do abacaxi e de outros frutos), engarrafada e com a rolha solidamente presa à garrafa por barbantes. À falta de rotulagem, estes passavam a servir de marca”.

    De uma forma ou de outra, a tal “marca barbante” da bebida ordinária, vira-lata, inferior, passou a ter emprego metafórico para qualificar qualquer coisa ou pessoa que se quisesse depreciar.

    Continua após a publicidade

    Na deliciosa crônica Antigamente, um compêndio vertiginoso de expressões idiomáticas antigas (do livro “Caminhos de João Brandão”, de 1970), Carlos Drummond de Andrade imortaliza assim a locução:

    Ganhar vidro de cheiro marca barbante, isso não: a mocinha dava o cavaco.

    *

    Continua após a publicidade

    Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.