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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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O desiderato do Dunga

Ainda estamos na terça, mas a palavra da semana, que deveria ser eleita só no sábado aqui na coluna, já está definida por aclamação: aquele “desiderato” do Dunga não perde para ninguém. O que terá dado no ex-técnico da seleção brasileira para, na carta de despedida enviada ontem ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinar […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 14h53 - Publicado em 6 jul 2010, 13h43

Ainda estamos na terça, mas a palavra da semana, que deveria ser eleita só no sábado aqui na coluna, já está definida por aclamação: aquele “desiderato” do Dunga não perde para ninguém.

O que terá dado no ex-técnico da seleção brasileira para, na carta de despedida enviada ontem ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, assinar um texto tão enrolado, cheio de um formalismo que, por falta de traquejo, descamba para o pernóstico e o involuntariamente cômico?

Em seus tempos de (bom) jogador, Dunga não era besta de se meter a enfeitar jogadas, tocar de letra, fazer embaixadinha na frente do atacante adversário, mas sua carta – provavelmente obra de um ghost writer, e tudo indica que um ghost writer formado em Direito – faz exatamente isso.

O problema não é só o “desiderato”. O preciosismo do vocábulo erudito – do latim desideratum, que quer dizer literalmente “o que se deseja”, isto é, o objetivo, a meta – é apenas o símbolo de uma carta que abusa do que há de pior no velho bacharelismo brasileiro.

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O uso de “incontinenti” em vez de um prosaico “imediatamente”, a orgia de vírgulas e os diversos erros de crase denunciam na carta o mal de Odorico Paraguaçu, essa praga profundamente enraizada na cultura nacional: o “falar difícil” como ferramenta de poder – os pouquíssimos que entendem se congratulam, a maioria que boia fica mesmerizada.

O que terá passado pela cabeça de Dunga para, na saída, dar uma de Roberto Jefferson? O desejo de reagir com altivez a uma demissão que, em seu caráter sumário, teve traços de humilhação? A vontade de provar ao país que pode ser bronco falando, mas escrevendo é um Rui Barbosa?

Bola fora. Os muitos “com nós” que Dunga proferiu em suas entrevistas como treinador da seleção agrediam a norma culta do idioma, mas eram linguisticamente mais saudáveis.

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