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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Deletar, este verbo ninguém deleta mais

O verbo deletar (“apagar no computador”) aparece no dicionário Houaiss com a data de 1975 e uma recomendação: “palavra a evitar, por APAGAR, SUPRIMIR, REMOVER”. Um cuidado que, a esta altura do pagode virtual, parece definitivamente ultrapassado. Deletar, um aportuguesamento brasileiro do verbo inglês to delete, parece ter vindo para ficar. Sobre essa palavra circulam […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 09h55 - Publicado em 13 dez 2011, 16h12
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  • O verbo deletar (“apagar no computador”) aparece no dicionário Houaiss com a data de 1975 e uma recomendação: “palavra a evitar, por APAGAR, SUPRIMIR, REMOVER”. Um cuidado que, a esta altura do pagode virtual, parece definitivamente ultrapassado. Deletar, um aportuguesamento brasileiro do verbo inglês to delete, parece ter vindo para ficar.

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    Sobre essa palavra circulam por aí, entre outros, dois pontos de vista antagônicos que são igualmente equivocados. O primeiro sustenta que deletar é uma palavra bem-vinda porque não é um anglicismo, uma vez que o inglês foi buscar seu to delete na forma substantivada, deletum, do verbo latino delere (“apagar, destruir”) – a mesma palavra na qual o português foi buscar meia dúzia de séculos atrás o desusado verbo delir (“dissolver, diluir, desbotar”). Os dados históricos estão corretos, mas o raciocínio é errado por supor que ancestrais comuns eliminem a estrangeirice dos estrangeirismos. Deletar é anglicismo mesmo, ponto.

    O que, naturalmente, passa muito longe de ser uma sentença condenatória, e aí está o erro oposto: o de supor que basta a existência de um sinônimo em português – como apagar ou mesmo, na preferência de alguns, delir – para transformar a adoção de um estrangeirismo em crime de lesa-cultura. Deletar é uma das principais estrelas de um grande pacote de anglicismos que nos chegou na esteira da revolução digital: impresso nos teclados, o verbo inglês – que nasceu no século 15, com o sentido simples de apagar – já desembarcou aqui com ares especializados. Apagar, que até então tinha funcionado muito bem como sua tradução, passou a ser uma solução imprecisa por não dar conta do contexto tecnológico em que a palavra se inseria e por omitir o fato de que, ao deletar, apagamos no computador. O aportuguesamento deu origem então a uma palavra mais precisa, e contra a precisão costuma ser inútil lutar.

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