A bomba que deu origem à palavra da semana, bombeiro, é a máquina de bombear água usada pelos profissionais de combate a incêndios, anterior à bomba como artefato explosivo – aquilo que, metaforicamente, estourou no colo do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Recuando na história, vamos encontrar a primeira origem de bomba e bombeiro no grego bómbos, “estrondo seco, trovão”, uma palavra de origem onomatopaica, isto é, de imitação de um som natural. Ao migrar para o latim como bombus, o termo ganhou o sentido adicional de zumbido, além de explosão, e daí se espalhou pelo mundo: bombe (francês), bomba (italiano), bomb (inglês) etc.
Acredita-se que o português foi buscar a palavra no espanhol bomba. Tanto lá quanto aqui, a acepção de máquina de bombear água surgiu primeiro – em nosso idioma, foi registrada em 1567, enquanto a bomba explosiva teria que esperar mais alguns anos para estrear em 1572 num verso de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões:
As bombas vêm de fogo, e juntamente
As panelas sulfúreas tão danosas.
Segundo o Houaiss, a palavra bombeiro com a acepção de “membro de corporação que se destina a prestar socorro em casos de incêndio ou de sinistro” é de 1844, meio século depois de sua estreia em nossa língua com o sentido de encanador.
O que a bomba dos bombeiros tem em comum com a bomba explosiva é, como se vê, apenas o fato de fazer um barulhão. Como diz o Houaiss: “Embora alguns etimologistas separem as acepções ligadas à arma e ao artefato hidráulico em entradas autônomas, o melhor é uni-las num verbete comum, por terem a mesma origem… em que subjaz a noção do ruído que provocam ao funcionar ou explodir”.