O juiz federal Sergio Moro tropeçou nos últimos meses. Um ano e meio atrás, em março de 2017, o apoio popular ao seu trabalho era avassalador. 63% dos brasileiros o aprovavam, 27% não gostavam dele e 10% não soube opinar. Foi o mais alto índice de aprovação de todos os atores políticos (ops!). Joaquim Barbosa, seu colega juiz, tinha aprovação de 51% (a segunda mais alta) e rejeição de 27%. Cerca de 20% não souberam opinar.
Em julho de 2018, o quadro havia mudado. A aprovação de Moro caiu 23 pontos, para 40%, e a rejeição subiu para 50%. Barbosa também perdeu pontos – rejeição de 44%, aprovação de 28%. (Os dados de 2017 são da pesquisa “Pulso Brasil” feita pelo Instituto Ipsos. Os de 2018 são da pesquisa “Barômetro Político” realizada pela mesma empresa.)
Houve vários acontecimentos importantes nesse período. Em julho de 2017, Sérgio Moro condenou o ex-presidente Lula (PT) a mais de nove anos de prisão. Em janeiro do ano seguinte, Lula foi condenado em segunda instância e está preso desde abril. Desde o início do processo contra Lula, ele e o PT insistem que a Lava Jato e Moro perseguem petistas e protegem tucanos.
O juiz federal deu munição para esse argumento ao posar, em maio deste ano, ao lado de João Doria em um evento em Nova York. Atitude sem propósito e danosa não apenas para sua própria reputação, mas do Judiciário como um todo.
Joaquim Barbosa também não foi adequado por ter cogitado candidatura à Presidência no início do ano. Desistiu da ideia – ainda bem. Poucos dias atrás, manifestou apoio a Fernando Haddad (PT), dizendo ter medo de Jair Bolsonaro (PSL).
E então o presidente eleito sugere que pode convidar Moro para o Ministério da Justiça ou indicá-lo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal – algo que depende da anuência dos senadores.
A julgar pela queda de popularidade do juiz, não é tão óbvio assim que a nomeação será viável.
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