Em 23 de março de 2017, o ministro Marcos Pereira (PRB), titular do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), recebeu uma mensagem no whatsapp. “Tô t vendo aqui na televisão! No jornal nacional. Vamos combinar um vinho?” Era o empresário Joesley Batista. Combinaram para o dia seguinte. Tratava-se de acertar propina de R$ 700 mil. Dois meses depois, a troca de mensagens foi revelada, mas ninguém deu muita bola. O áudio de Joesley com Temer dominou a mídia.
Sete longos meses depois, o ministro pede demissão. Nada a ver, é claro, com sua conversa suspeita. O motivo é dedicar-se a organizar o PRB para as eleições de outubro e, quem sabe, sua própria candidatura para a Câmara dos Deputados.
Marcos Pereira foi um ministro apagado. No início do governo Temer, quase foi ministro do Turismo. Mas Henrique Eduardo Alves (PMDB) preferiu aquela pasta, pois permitiria destinar mais recursos para os municípios de sua preferência. No MDIC, Pereira nomeou os chefes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Seu partido, o PRB, interferiu com gosto na administração desses dois órgãos. Os funcionários concursados ficaram revoltados. No INPI, há uma imensa briga sobre a possibilidade de o processo de avaliação de patentes ser, na prática, ignorado. Patentes seriam concedidas sem análise sob a desculpa de “normalizar” o ambiente de negócios do país. Os examinadores do INPI criaram página no Facebook para denunciar isto.
No Inmetro, pessoas indicadas por Pereira e seus asseclas oferecem aos funcionários a oportunidade de participar de esquemas de corrupção administrativa. Quando não topam, são substituídos. Se o ex-ministro sabe disso, é criminoso. Se não sabe, é incompetente.
Desejo a ele o pior ano eleitoral que se pode imaginar.
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