A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu um homem suspeito de liderar o assassinato de duas crianças, possivelmente argentinas, em um ritual de magia negra para obter prosperidade em negócios. O sacrifício teria custado 25.000 reais. Partes dos corpos das crianças, vítimas de decapitação e esquartejamento, foram encontradas em setembro do ano passado, no bairro Lomba Grande, na cidade de Novo Hamburgo, região metropolitana de Porto Alegre.
Os corpos são de dois irmãos por parte de mãe: um menino, com idade entre oito e nove anos, e uma menina, com idade entre dez e doze. As crianças teriam sido trazidas de uma região pobre da Argentina em troca de um caminhão. Autoridades do país vizinho e a Interpol (polícia internacional) auxiliam na investigação do caso.
O delegado Moacir Fermino afirmou que há provas testemunhais e documentais contra sete envolvidos nos crimes. Quatro deles foram presos preventivamente – entre eles Silvio Fernandes Rodrigues, que a polícia chama de “bruxo”, por liderar o ritual – e três estão foragidos. Segundo ele, há indícios de que as crianças foram amarradas e alcoolizadas – há suspeita também de abuso sexual e canibalismo. Ainda de acordo com o policial, testemunhas que ajudaram na elucidação do caso “estão com medo de morrer”.
Como os corpos foram encontrados em Novo Hamburgo, a investigação trabalha com a hipótese de que as cabeças dos irmãos estejam enterradas próximas ao local. O “Templo de Lúcifer”, como era chamada a casa onde teria sido realizado o ritual, porém, fica na cidade de Gravataí, também na região metropolitana.
O portão da casa tinha um pentagrama, estrela de cinco pontas geralmente associada a práticas esotéricas. Também foram encontradas capas negras e uma máscara de cão que teriam sido usadas no suposto ritual. Na casa, a polícia encontrou um cofre, que foi arrombado após cerca de cinco horas de tentativas – dentro havia documentos e objetos que teriam sido usados em rituais.
Além do suposto líder, também estão presos Jair da Silva, empresário que teria encomendado o ritual, Andrei Jorge da Silva, um dos filhos do empresário, e Márcio Miranda Brustolin, participante do sacrifício, que necessitava de sete pessoas para ser realizado, de acordo com o delegado. Estão foragidos Jorge Adrian Alves, argentino que teria trazido as crianças do país vizinho, Anderson da Silva, outro filho do empresário, e Paulo Ademir Norbert da Silva, sócio dos empresários que teria apresentado Rodrigues à família.
Testemunha
O delegado afirmou que uma testemunha do ritual viu os sete homens suspeitos ajoelhados em círculo, as crianças encapuzadas no centro, rodeadas por velas, e o suposto “bruxo” falando em uma “língua desconhecida”. Em um vídeo divulgando seu “templo”, Rodrigues propaga a venda de rituais para sucessos amorosos e nos negócios por meio de magia negra. “Através da ritualística você poderá alcançar aquilo que deseja com rapidez e segurança. Você tem uma empresa, um negócio, e quer expandir suas filiais e parar de se lamentar que não tem mais dinheiro para fazer suas viagens, para poder dar estabilidade para sua família? O Templo de Lúcifer fará com que você alcance esse seu objetivo. Seja pactuado do Templo de Lúcifer”, diz na gravação.
Defesa
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos. À polícia todos os presos negaram participação nos assassinatos.