Assine VEJA por R$2,00/semana
Rio Grande do Sul Por Veja correspondentes Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
Continua após publicidade

Contra machismo, transexual ensina garotas a programar computador

Evelyn Mendes ajuda mulheres a construírem seus próprios sites como forma de enfrentar a ampla predominância de homens nas empresas de tecnologias

Por Paula Sperb
Atualizado em 24 ago 2017, 19h21 - Publicado em 24 ago 2017, 19h07
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Homens são a maioria em empresas de internet. No Facebook, 67% dos funcionários são homens, no Google são 69%, e na Apple, 68%. Nesse ambiente predominantemente masculino, mulheres enfrentam barreiras que incluem questionamentos sobre suas habilidades técnicas, comentários machistas e até exclusão em processos seletivos de contratação.

    Publicidade

    Para mudar esse cenário, a mulher transexual Evelyn Mendes, de 42 anos, ensina garotas a construírem seus próprios sites. “É para elas seguirem em frente e poderem bater no peito e dizer ‘eu fiz isso aqui, eu sei programar”, contou Evelyn a VEJA.

    Publicidade

    Natural de Porto Alegre, a analista e desenvolvedora de sistemas atua há 15 anos nessa área. Termos que assustam os leigos, como Java Script, PHP, SQL, Asp.Net e Ruby, fazem parte do cotidiano da “trans, nerd e geek”, como a própria se define em sua página na internet.

    A ideia de Evelyn é “empoderar” o público feminino que ainda não trabalha com Tecnologia da Informação (TI) para que adquiram o conhecimento básico. “Elas descobrem que é tão fácil programar que farão um site para elas”, explica. As aulas ocorrem em eventos como Django Girls e Rail Girls, realizados em diversas cidades.

    Publicidade

    No sábado, dia 26, pela manhã, a desenvolvedora fará a palestra “Angular 4 + Firebase: Realtime não precisa ser complicado”, na sétima edição do BrazilJS, na capital gaúcha. O evento é considerado a maior conferência sobre linguagem JavaScript do mundo com a presença de nomes ligados ao Google, Mozilla, Microsoft e Netflix. Sobre o tema da palestra, Evelyn esclarece aos novatos: “Sabe quando você está no Facebook e recebe uma notificação? Aquilo é real time, que verifica por ‘baixo dos panos’ o que pode te interessar e te notifica”.

    Continua após a publicidade
    Plateia feminina aprende a programar em evento com a presença de Evelyn (Arquivo Pessoal/Divulgação)

    Preconceito contra trans

    Desde a juventude, Evelyn trabalhou nos setores de TI de diversas empresas. Porém, desde que iniciou sua transição de homem para uma mulher transexual, há quatro anos, tem enfrentado preconceito. “Quando entrava na sala, para o trabalho, tinha um monte de caras fazendo piada homofóbica e machista. Quando eu chegava, eles tinham que parar. Não podiam ser as pessoas que sempre foram”, relembra, sobre o período de transição.

    Publicidade

    Se antes, seu currículo lhe garantia boas vagas de emprego, agora diz ser barrada nos processos seletivos, especialmente após a entrevista. Em uma disputa na qual concorreu, ao preencher a ficha, ela detalhou todas suas habilidades e acrescentou: “Sou uma mulher transexual. Se a empresa ou qualquer pessoa da empresa tiver problema com questões de diversidade e LGBT, peço que descartem minha candidatura. Se não, continuarei o processo feliz”. O resultado? “Nunca me chamaram”, conta.

    Silenciamento das mulheres

    Se o preconceito é forte contra mulheres transexuais, o mesmo ocorre com as chamadas mulheres “cis” – nascidas mulheres e que se identificam com isso. “Tu não tem noção do que elas passam. São silenciadas, os homens pegam ideias delas para eles”, relata a programadora.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Evelyn conta que uma amiga qualificada tecnicamente foi a melhor em uma prova de seleção e foi chamada para a entrevista. O responsável pelo recrutamento disse: “Chamei você para te conhecer porque o seu desempenho foi o melhor, mas não vou te empregar porque os homens não vão conseguir trabalhar com uma mulher.”

    O exemplo faz com que Evelyn identifique o machismo como o preconceito “raiz” das corporações de tecnologia. “Se não conseguem nem lidar com o primordial, que é um homem tratar igualmente uma mulher, não tem como aceitar um gay, lésbica, trans ou negro”, opina a analista de sistemas.

    Publicidade
    Evelyn com camiseta “I code like a girl” (“Eu programo como uma garota”) (Arquivo pessoal/Divulgação)
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.