Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Continua após publicidade

Perse: um mapa de como se desperdiça o dinheiro do contribuinte

Fernando Haddad quer acabar com o programa (sabe-se por que); Arthur Lira quer mantê-lo (sabe-se lá por quê)

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2024, 18h31 - Publicado em 7 fev 2024, 17h57

O Perse, Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos, que promete ser o escândalo da vez, é uma espécie de mapa de como o dinheiro do contribuinte é desperdiçado — e de por que o Brasil não consegue sair do lugar.

O Perse foi criado em 2021 para auxiliar hotéis, bufês, casas de festas e eventos, produtoras de teatro e música, restaurantes, bares e outros as empresas do setor a enfrentar a pandemia de Covid-19.

Pode-se discutir se o montante, as exigências e o modelo de fiscalização foram adequados, mas é indiscutível que havia uma emergência ocorrendo, e que o setor de eventos foi dos que mais sofreram o impacto da pandemia. E se o governo estava jogando uma fortuna na economia para proteger pessoas e empresas, parece legítimo que o setor fosse beneficiado.

Muito que bem. Isso foi em 2021.

No ano passado, muito tempo depois de a pandemia terminar, o Congresso decidiu prorrogar o programa. Até 2028.

Continua após a publicidade

Em um ano em que o PIB cresceria cerca de 3%, a maioria dos parlamentares brasileiros entendeu que o Brasil vivia uma emergência nacional que duraria mais cinco (!) anos e justificaria alíquota zero para tributos federais e parcelamento de débitos sem multa e sem juro.

Há duas lições aí. A primeira é que não existe no Brasil subsídio temporário, provisório ou emergencial. Depois que deu, os setores se tornam dependentes dos benefícios e os lobbies tornam impossível que se o retire. Esse problema está na raiz de nosso cipoal tributário, que tornava a atividade empresarial um inferno, e que começou a ser debelado com a reforma tributária do ano passado.

A segunda é sobre como mesmo iniciativas em tese bem intencionadas são rapidamente capturadas por interesses escusos e transformadas em veículos para desvio do dinheiro público para o bolso de “piratas privados, burocratas corruptos e criaturas do pântano político”, conforme os denominou o ex-ministro Paulo Guedes.

Os benefícios em 2023 deveriam ficar limitados a 4,4 bilhões de reais, mas estão projetados para algo entre 17 e 20 bilhões. O ministro Fernando Haddad fala em um total em 5 anos de 100 bi isso se o programa não for prorrogado novamente em 2028, nunca se sabe.

Continua após a publicidade

As duas coisas — os benefícios setoriais indefensáveis, mas permanentes, e a corrupção — formam o cerne do patrimonialismo, ou seja, a apropriação da coisa pública por interesses privados, que nos mantem no subdesenvolvimento desde o Brasil-colônia.

Haddad quer acabar com o programa, e sabe-se por quê. Arthur Lira quer manter o programa, sabe-se lá por quê.

Difícil de saber é se e quando os representantes do povo terão respeito com o dinheiro do povo.

(Por Ricardo Rangel em 07/02/2024)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.