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O Exército autorizou 10 mil criminosos a terem armas. Como foi possível?

Incompetência da grossa, claro. Mas é muito pior do que só incompetência.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 mar 2024, 16h07 - Publicado em 5 mar 2024, 14h12

O TCU informa que, nos anos Bolsonaro, o Exército concedeu cerca de 10 mil licenças de CAC — a permissão para que “colecionadores, atiradores e caçadores” possuam armas — a criminosos presos ou foragidos. É um escândalo, que viola as exigências mais básicas para que tais licenças sejam concedidas.

É incompetência da grossa, claro. Existe no Brasil um mito de que os militares são especialmente competentes em toda e qualquer atividade, inclusive as que não têm natureza militar. A verdade, evidentemente, é que militares são tão competentes, ou incompetentes, quantos qualquer um (Eduardo Pazuello se encarregou de eliminar qualquer dúvida que pudesse haver). No caso de tarefas civis, é de se esperar que sejam menos competentes. É boa notícia que a tarefa passe a ser da Polícia Federal.

Mas a incompetência não basta para explicar o descalabro. Bolsonaro quis, assumida e deliberadamente, promover um “liberou geral” para importação, compra e porte de armas. E o Exército, obsequiosamente, se deixou instrumentalizar para que esse esforço (criminoso) fosse bem sucedido.

É irônico que o homem que mais mal fez às Forças Armadas, que mais corrompeu seus integrantes, que mais lhes conspurcou a imagem tenha sido justamente um militar — Jair Bolsonaro. “Um mau militar”, na definição do general Geisel; um militar que planejou ataques terroristas contra quartéis; um militar que escapou de ser expulso do Exército no tapetão.

Parte da explicação para Bolsonaro ter conseguido causar o estrago que causou nas Forças Armadas é o fato de elas serem a instituição mais opaca do país: a sociedade civil tem grande dificuldade de compreender, examinar e fiscalizar o que ali acontece. Que os fatos relatados pelo TCU tenham demorado tanto tempo para vir a público se explica pelo mesmo motivo.

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Jair Bolsonaro prestou muitos desserviços à República. Entre os raros serviços prestados está nos ter obrigado a olhar as Forças Armadas com atenção. E ficou claro que elas precisam ser reformadas e integradas ao Estado brasileiro, deixando de ser os organismo paralelos e quase independentes que são hoje.

Para parafrasear um aforismo antigo, as Forças Armadas são importantes demais para ficarem por conta dos militares.

(Por Ricardo Rangel em 04/03/2024)

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