Nesse caminho, Moro morre na praia
Sergio Moro precisa escolher se sua agenda será social ou bolsonarista
Sergio Moro está irreconhecível.
Autoconfiante, com voz firme e menos sotaque, procurou escapar da maldição da agenda única da corrupção, e falou de tudo, da economia aos problemas sociais. Foi convincente.
Moro já está em terceiro, à frente de Ciro Gomes.
Moro está longe de ser um nome óbvio para encarnar a terceira via. A esquerda democrática, apesar de não ser lulista, não gosta dele porque entende que perseguiu Lula. Liberais de verdade têm dificuldade em defendê-lo por conta do que a Vaza-Jato revelou. E mesmo entre os bolsonaristas arrependidos há quem o considere um traidor.
Apesar disso (ou por isso mesmo), Moro convidou o senador Marcos do Val para elaborar seu programa de segurança.
Do Val é um linha dura, favorável ao excludente de ilicitude (permissão para matar) para a Polícia Militar. Nas horas vagas, ajudava a tropa de choque bolsonarista na CPI.
Não adianta dizer que quer cuidar das pessoas e erradicar a pobreza e, ao mesmo tempo, adotar uma agenda que pressupõe que prender pobre por causa de maconha e matar pobre na favela tornam o país mais seguro.
Por esse caminho, Moro pode tirar votos de Bolsonaro e chegar ao segundo turno. Mas tende a morrer na praia.
Lula agradece.