“Está muito na moda isso de racismo”, disse o treinador Jorge Jesus acerca do episódio em que jogadores do PSG e do Istanbul Basaksehir abandonaram um jogo em protesto contra o comentário racista de um juiz. “Qualquer coisa que se possa dizer contra um negro é sempre racismo”, disse.
Evidentemente, o racismo não está na moda. O que há é uma espécie de despertar mundial para o fato de que o racismo é um problema gravíssimo e inaceitável, que precisa ser combatido. Não parece uma moda, e tomara que não seja.
Afirmar que o racismo “está na moda” é uma maneira de minimizá-lo, de dar a impressão de que ele não existe, ou não é um problema grave, de mudar do assunto. Uma maneira de perenizá-lo. Racistas agradecem.
Jorge Jesus é português e morou no Brasil.
Portugal foi o primeiro país colonialista, o primeiro país ocidental a escravizar africanos, o maior traficante de escravos negros do mundo e o último país a ceder a independência a uma colônia (Timor Leste, em 2002).
O Brasil é o país que teve o maior contingente de escravos trazidos da África, o que teve o maior números de escravos, o que mais dependeu de mão-de-obra escrava, o último país ocidental a abolir a escravatura, e um dos países mais racistas do mundo.
Jorge Jesus não é culpado, evidentemente, pelo que fizeram seus antepassados nem pela opressão que sofrem os negros no Brasil.
Sendo quem é, no entanto, deveria ter uma compreensão melhor do que é o racismo e ter mais sensibilidade e solidariedade.
E não dizer barbaridades.