Bolsonaro viajou nas fake-news
Entre outras batatadas Bolsonaro sugeriu que teria impedido a guerra entre Rússia e Ucrânia
Desde 2017, a máquina de propaganda bolsonarista afirma que a Rússia ainda é comunista. O que, claro, é falso.
Quando anunciou que ia à Rússia, Bolsonaro explicou que Putin é um conservador. O que não explicou é como funciona isso de país comunista com presidente conservador.
Que Putin é conservador é uma meia-fake-news, por assim dizer. Ele é um reacionário que quer recuperar a glória do passado da Rússia imperial; ao contrário do que se espera dos conservadores, que não gostam de mudanças, especialmente bruscas, Putin é apressado, agressivo e tem atração pelo risco.
Bolsonaro depositou flores no túmulo do soldado desconhecido, que era do Exército Vermelho e defendia o comunismo da agressão nazista. Isso é a coisa mais normal do mundo, afinal a URSS era parte da aliança contra Hitler, e todo líder ocidental que vai lá cumpre o ritual. Mas que é divertido ver Bolsonaro se curvar e se empertigar todo para homenagear comunista, lá isso é. E ainda mais divertido ver os bolsonaristas tentando explicar.
Bolsonaro anunciou que “somos solidários à Rússia”. Como a Rússia estava, ou ainda está, à beira de invadir a Ucrânia, a única interpretação possível é que Bolsonaro é a favor de uma agressão não provocada a país pacífico, e contrário a Ucrânia, Europa Ocidental e EUA. Não que isso seja surpreendente vindo de quem vem.
Bolsonaro disse que Brasil e Rússia têm um “casamento perfeito” (ah, a eterna fixação de Bolsonaro com namoros e casamentos) e afirmou que Putin “busca a paz”. Considerando o tratamento que deu a seus opositores, à Chechênia e à Crimeia, e, agora, à Ucrânia como um todo, a única paz que Putin busca é a dos cemitérios.
Bolsonaro disse que Rússia e Brasil são “duas grandes potências”. Nenhum dos dois está na lista dos 10 maiores PIBs do mundo, e no PIB per capita (que é o que interessa), a Rússia está em 57º lugar e nós em 82º. No poderio militar, a Rússia é de fato um gigante, só perde para EUA e China, mas nós somos uma camundongo.
Por fim, Bolsonaro deu a entender que a retirada das tropas russas da fronteira pode estar ligada a sua própria intervenção, contribuindo para a mais assombrosa das fake-news propagada por sua máquina, a de que ele próprio teria impedido “a Terceira Guerra Mundial”.