Bolsonaro sobe o tom e prejudica a si mesmo
O presidente dá cada vez mais motivos para o impeachment, e sua chance de recuperação se torna ainda mais remota
Conforme esperado, as manifestações bolsonaristas foram muito grandes — mas menores do que a expectativa (e a promessa) do presidente. E não houve golpe.
Conforme esperado, Bolsonaro intensificou o discurso golpista, e fez gravíssimas ameaças ao STF e à democracia.
Conforme esperado, a pressão pelo impeachment cresceu brutalmente. Partidos como PSDB, MDB, PSD e Solidariedade estão marcando reuniões internas para decidir se chegou a hora de aderir ao impeachment. Outros partidos estão cogitando ir pelo mesmo caminho.
É cedo para saber o que será mais forte, a pressão pelo impeachment ou os quase 17 bilhões de reais do orçamento secreto que Bolsonaro entregou ao centrão para barrar o impeachment.
O que se sabe é que:
1. Bolsonaro não tem força para dar golpe de Estado.
2. A qualidade da gestão de Bolsonaro não vai melhorar. Se não houver impeachment, a situação do país tende a piorar, o desgaste do presidente deve aumentar, sua popularidade deve cair.
3. As investigações contra Bolsonaro e sua família vão progredir, e isso tampouco ajudará a popularidade do presidente.
4. Quanto maior o desgaste de Bolsonaro, mais acuado ele se sentirá, mais agressivo se tornará, mais tenso e tumultuado ficará o ambiente e mais motivos haverá para o impeachment.
5. À medida que o tempo passar, o orçamento secreto será gradualmente consumido e o centrão terá cada vez menos motivos para segurar o impeachment.
O futuro de Jair Bolsonaro está longe de ser róseo.
Infelizmente, o do Brasil também está.