Conforme esperado, Bolsonaro exige o controle do partido (e do dinheiro). Conforme esperado, Valdemar Costa Neto recusa-se e a entregar.
Conforme esperado, Bolsonaro, ao ser contrariado, xingou Valdemar. Conforme esperado, Valdemar xingou de volta.
Só o que é inesperado é que, a esta altura, alguém esperasse que seria diferente. Já vimos esse filme com Luciano Bivar e seu PSL: Bolsonaro sempre quer o controle do partido, e nenhum dono de partido é louco de dar. No fim, dá briga.
Mesmo assim, Bolsonaro apostou que ia conseguir enrolar uma raposa velha como Valdemar, e Valdemar apostou que ia enrolar um autoritário incorrigível e cabeça dura como Bolsonaro.
Como seria de se esperar, ambos perderam.
Romper com Bolsonaro é um problema sério para Valdemar: seu partido perderá cargos importantes e ele próprio sofrerá sério desgaste pessoal por ter apostado em vão em uma parceria que muitos em seu partido não queriam.
Mas o problema de Bolsonaro tende a ser maior. Com ou sem rompimento.
Se romper, cria em Valdemar um inimigo importante, demonstra (mais uma vez) ao Centrão que não é de confiança, estimula o apoio a Lula e periga acabar em um partido nanico sem dinheiro ou tempo na televisão.
Se recuar e mantiver o acordo, fica sem o controle do partido ou do caixa, demonstra fraqueza, açula a fome do Centrão e mantém o flanco aberto para Moro bater em sua tolerância com a corrupção.
É a famosa situação perde-perde.