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Ricardo Rangel
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Augusto Heleno revelou mais ao calar do que ao falar

O general não teve a única participação melancólica da sessão. Houve mais duas.

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 20h55 - Publicado em 27 set 2023, 11h54
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  • O cidadão Augusto Heleno Ribeiro Pereira, profissão militar, fez o possível para não comparecer à CPI. Uma vez lá, respondeu a certas perguntas e, para não produzir prova contra si mesmo, calou sobre outras. Nos dois casos, revelou muito mais pelo que não disse do que pelo disse.

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    Disse que os acampamentos golpistas, de onde partiram hordas de vândalos, eram ordeiros e pacíficos. Que o GSI que montou, então sob o comando do general Gonçalves Dias, não errou nem se omitiu no 8 de Janeiro. Que Mauro Cid não participava das reuniões de Bolsonaro com os chefes militares. Que a delação de Cid é pura fantasia. Que acreditou quando Bolsonaro disse que ia jogar “dentro das quatro linhas da Constituição”.

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    Ao negar o óbvio ululante, Heleno revelou para alguns que é mais ingênuo do que a velhinha de Taubaté. Para os outros, que têm menos boa vontade, demonstrou o que todo mundo sabe: o mito de que militares não mentem é só um mito.

    Loquaz no negacionismo, Heleno calou quando lhe perguntaram se estava presente na reunião em que Bolsonaro encomendou um crime ao pseudo-hacker Delgatti. E quando perguntaram se estava na reunião em que Bolsonaro conclamou os chefes das Forças Armadas ao golpe. E quando lhe perguntaram se o que aconteceu no dia 8 foi golpe, se foi terrorismo. E sobre o que acha do golpe de 1964 e da ditadura. E sobre se sabia das atividades do coronel Brilhante Ustra como torturador. E sobre se acredita que os militares deveriam intervir na democracia brasileira.

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    Heleno achou que, se respondesse a qualquer das perguntas acima, estaria criando prova contra si mesmo. Muito revelador.

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    Em poucos momentos, Heleno deixou escapar o que de fato pensa — ou quem de fato é. Quando lhe perguntaram se se considerava o “Poder Moderador”, respondeu que sim (para em seguida voltar atrás e se emendar). Quando a relatora senadora Eliziane Gama externou, com ironia, a conclusão de que Heleno “mudou de ideia” sobre a fraude (antes acreditava nela, agora não mais), respondeu aos palavrões — não surpreende: militares não gostam de ser questionados por civis e homens machistas não gostam de ser questionados por mulheres.

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    A participação de Heleno foi um momento melancólico, mas não foi o único. A senadora Ana Paula Lobato chamou Geisel de Gêisel. É assombroso e assustador que qualquer senador da República não saiba direito quem foi o general Ernesto Geisel.

    E houve Sergio Moro, que compareceu para blindar Heleno e passar pano para o golpe. O ex-herói da Lava-Jato não perde uma chance de contribuir mais um pouco para a própria desmoralização.

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