A pochete é provavelmente o acessório que mais foi execrado na história da moda. Mas a moda, como se sabe, tem dessas provocações: vez ou outra, é capaz de desenterrar um item esquecido décadas atrás e devolvê-lo às ruas e passarelas. É assim agora com essas bolsinhas que se prendem à cintura. Reportagem de VEJA desta semana explica seu retorno triunfal: “No histórico embate entre estética e praticidade, essa última costuma sair ganhando desde que o mundo é mundo”. De fato, o acessório anda agora restrito aos ambientes nos quais a bolsa atrapalha: baladas, shows e locais em que se praticam ginástica e esportes. “Mas algumas desbravadoras já superaram o olhar horrorizado das mães e tias e usam o acessório em qualquer hora e lugar”.
Nos anos 1990, ensaiou-se também um revival da pochete. Prada e Gucci cuidaram de relançar o acessório, então rebatizado “bolsa anatômica”. “Descolada da imagem da sacolinha-cinto de couro entupida de zíperes e associada a viajantes com poucas preocupações estilísticas, a pochete — ou melhor, a bolsa que se molda ao corpo — de agora desfila na cintura de top models nas passarelas de Paris e Milão”, narrava a reportagem de 25/11/1998. “Pequenas, na maioria, e achatadas, conseguem carregar um décimo das miudezas (algumas nem tanto) que costumam superlotar as sacolas femininas.”
“O bacana das bolsinhas amarradas na cintura é que, além de práticas, são seguras. Ninguém vai roubá-las se você estiver num restaurante e se levantar da cadeira”, dizia a consultora de moda Gloria Kalil. “É a grande qualidade das bolsas anatômicas: diminuir o peso que as mulheres estão acostumadas a carregar”, acrescentava a estilista Glória Coelho.
Aquela temporada da pochete não durou. Em 1999, VEJA observava que pochetes podem até ser práticas, mas… são feias. “Feia, não, horrenda. Horrenda, não, medonha. Um verdadeiro atentado às mais comezinhas noções de estética”, frisava-se. Segundo especialista ouvida por VEJA, ela “deforma a silhueta e não acrescenta nada de bom ao visual”. Conselho: “Use seus bolsos para guardar o que precisa. Caso não os tenha, lance mão de uma bolsa de verdade ou de uma pasta. Quanto à pochete que você porventura ganhou ou comprou, é simples: queime-a, enterre-a, dê um sumiço na prova desse crime contra a humanidade.” Até a próxima estação, claro.