Contaram-me que, ontem, na TV Record, o tal Roberto Watanabe passeou de helicóptero com Paulo Henrique Amorim. Sobrevoavam a Marginal Tietê. E Watanabe ia expelindo regras sobre o que fazer com a avenida  — já que estavam num helicóptero, leitor, as regras poderiam cair sobre sua cabeça… A tese do valente, esposada por alguns outros “especialistas” (com o apoio de parte da imprensa paulistana), é, vejam que singelo!, destruir a via. Em seu lugar, nasceria um jardim!!! E os carros? Ah, à direita e à esquerda do rio, a 1,5 km de cada lado, far-se-iam as novas pistas, e toda a área seria desocupada. Custo aproximado só da desapropriação: R$ 180 bilhões. Troco de pinga!

Desapropriação? Bem… Poder-se-ia fazer – uso a mesóclise porque se trata de um momento grave da civilização – como Stálin fez na Chechênia: desocupar tudo e passar fogo nos descontentes. Antes, Serra precisaria instaurar uma ditadura em São Paulo, não é? Se alguém acha a lei antifumo autoritária, como eu acho, imaginem para fazer o que os “progressistas” estão querendo!!! Mas ainda não cheguei ao ponto.

Que veículos de terceira linha e jornalistas abaixo da linha da cintura dêem credibilidade a um Watanabe, vá lá. O problema é quando a imprensa séria cai no conto, como caiu, por exemplo, o SPTV. Você podem ver, aqui, o especialista a dar lições sobre o que fazer com a Marginal. Notem que ele é apresentado como “professor da Unicamp”. É mesmo, é?

Já demonstrei que Watanabe é um homem de muitos currículos e múltiplas competências, além de ter sido administrador regional do Tatuapé na gestão Marta Suplicy. Entende de tudo: engenharia civil, hidrologia, seguros… E também pode ser seu consultor de Feng Shui e I-Ching!!! Se você quiser se instalar no Tatuapé, ele se oferece para ser seu consultor. Mas vá lá… Afinal, o homem é professor da Unicamp, não é isso?

Só que a Unicamp nunca ouviu falar dele. Se você clicar aqui, tem acesso à página da universidade que localiza todo e qualquer funcionário da instituição: Roberto Watanabe não está lá. Entrei em contato com a universidade. A faculdade de engenharia nunca ouviu falar dele. Num de seus currículos, conta que ele é professor da área de seguros. Ocorre que inexiste essa disciplina por lá. Quando houve o acidente do Metrô, um falso engenheiro, Rogério de Almeida deu entrevista a várias TVs e jornais. Se você clicar aqui, assiste a um pedido de desculpas de Ricardo Boechat, da Band. Na plataforma Lattes, também inexiste o nome de Roberto Watanabe. Na Folha, no SPTV e em todo lugar, Watanabe falou e o governador Serra apareceu como o “outro lado”. Era como se estivessem ali verdades contrastantes, diferentes, mas, a seu modo, equivalentes.

É claro que o sistema da Unicamp pode ter falhado. É claro que a universidade pode ter-se confundido e não ter encontrado o nome de Watanabe por lá; é claro que a tal disciplina de seguros pode existir, mas a direção não se lembra… Sendo mesmo assim, Watanabe certamente terá como provar a sua atividade docente.

E que se note, hein!? Ainda que ele fosse o todo-poderoso do Bairro Peixoto da Unicamp, a sua tese continuaria estúpida.

• Mais lidas

1

Política

Bolsonaro teme que ofensiva anti-Moro no TSE legitime inelegibilidade

2

Política

O novo plano de Bolsonaro para tentar anistia e disputar eleição em 2026

3

Política

Pauta-bomba acesa por Pacheco no Senado não terá vida fácil — e com razão

4

Cultura

Apresentadora Christina Rocha é demitida do SBT; saiba o motivo

5

Cultura

5 ótimos filmes que entraram na surdina nas plataformas, da Netflix ao Max