Uma boa pauta: a mentira dos laptops de Mercadante
O candidato do PT ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, voltou a enganar o eleitorado no horário gratuito da TV ao prometer um laptop para cada estudante de São Paulo se for eleito. Já digo por quê. Leiam antes o que ele afirmou: “Agora eu quero que você conheça o computador que nós vamos […]
“Agora eu quero que você conheça o computador que nós vamos colocar gradativamente nas 1600 escolas do ensino fundamental. Este é o computador também chamado de lap top, custa o equivalente a 220 reais. E foi apresentado no último fórum mundial de Davos, na Suíça e esse computador foi desenvolvido por uma organização mundial sem fins lucrativos, exclusivamente para educar as crianças pobres. Por isso, não vão ser vendidos comercialmente, mas apenas aos governos interessados em utilizá-los nas escolas públicas.Um computador por 220 reais.Veja você, é muito pouco. Um jovem na Febem custa 100 vezes mais, isso mesmo, 22 mil reais por ano. Por isso, o Brasil do governo Lula foi um dos primeiros países a se inscrever para ter o direito a esses computadores. Agora basta negociar com o fabricante. E é isso que nós vamos fazer no primeiro dia do governo. Você que é mãe, você que é pai, sabe como o computador pode ajudar o seu filho. E para países em desenvolvimento como o Brasil o computador é muito mais do que isso é uma janela aberta para o futuro, para o conhecimento.”
Quando é que os jornalistas de política vão conversar com os setoristas de informática para deixar claro que Mercadante está dizendo uma mentira?
Antes, uma informação: o laptop a US$ 100 é um projeto de Nicholas Negroponte, diretor do Media Lab do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Foi desenvolvido para uma ONG chamada OLPC (One Laptop Per Child – ou um laptop por criança). Faça uma pesquisa. Falta tudo ainda. Não se sabe nem mesmo onde os aparelhos seriam produzidos. Mais do que isso: nem a parte técnica está concluída.
No dia 5 de abril deste ano, noticiava o Estadão: “O projeto do laptop de US$ 100, pedra fundamental para os projetos de inclusão digital da organização OLPC, One Laptop Per Child, está enfrentando novas dificuldades. O conceito de um micro portátil e de baixo custo, voltado à inclusão digital em países em desenvolvimento, e que tem o Brasil entre os interessados, ainda não dispõe de uma tela de cristal líquido compatível com os patamares do projeto. Outra dificuldade é que as versões de Linux, sistema operacional de código aberto, não são leves o suficiente para rodar nas máquinas.” (clique aqui para ler mais).
Viram só? Tão logo se resolvam as dificuldades técnicas, aí vem o mais difícil: onde e com que recursos, em que escala de produção e em que tempo eles serão produzidos? Resumo: se Mercadante vencesse as eleições, não entregaria o que prometeu. Só não vai passar por mentiroso porque vai perder. Um leitor lembrou bem: o laptop é o aerotrem do Mercadante.