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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Quem está defendendo o quê

Trato no post abaixo do que considero ser a questão central envolvendo o site WikiLeaks. Mas tenho outras considerações a fazer. Começo pela ressalva: não sou do tipo que, sendo adversário de B, alinho-me automaticamente com C caso tenhamos o adversário comum. Há exemplos práticos: Marina Silva e Plínio de Arruda são críticos do petismo, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h23 - Publicado em 9 dez 2010, 18h50

Trato no post abaixo do que considero ser a questão central envolvendo o site WikiLeaks. Mas tenho outras considerações a fazer. Começo pela ressalva: não sou do tipo que, sendo adversário de B, alinho-me automaticamente com C caso tenhamos o adversário comum. Há exemplos práticos: Marina Silva e Plínio de Arruda são críticos do petismo, por exemplo? São, sim! Mas jamais me aliaria a eles. É simples: só não os considero, em muitos aspectos, piores do que o PT porque menos relevantes. O bom de fazer o que faço é poder aborrecer algumas pessoas dizendo tudo o que penso — e, é certo, deixando outras tantas satisfeitas. Não preciso fazer “alianças táticas ou estratégicas” com ninguém. Não sou político. Se gosto, digo “gosto”; se não gosto, digo “não gosto”. Sou um indivíduo; aqui, sou um blogueiro. Blog é o veículo de um só. Blogueiros que atuam em grupo são horda.

Na política, no entanto, as coisas são diferentes. Até o companheiro Lênin, que sempre julgou que uma bala vale mais do que mil palavras, fazia suas alianças. A política tem de ser vista à luz dessas composições. E saber com quem se alinham determinados grupos num dado momento revela a essência de algumas idéias, proposições e práticas. Querem fazer um exercício interessante, como fiz há pouco? Quem não quiser passear na sujeira pode acreditar em mim: falo a verdade.

Visitei alguns dos blogs entusiasmados com o dito “controle social da mídia” — que é censura, evidentemente. Fazem um trabalho que é de natureza política. Muitos recebem dinheiro do governo para isso. São franjas a soldo de um partido político — no caso, do PT. Curiosamente, ou nem tanto, quando o assunto é WikiLeaks, todos se transformaram em verdadeiros libertários. Nada de controle! Aqueles que querem criminalizar a liberdade de opinião no Brasil estão certos de que o crime, no caso do WikiLeaks (que imprensa não é), é exercício da liberdade de informação.

Por quê? Ora, porque eles fazem suas alianças táticas e estratégicas, ainda que no terreno apenas moral. Se os vazamentos são ruins para os Estados Unidos, então eles seriam bons para os inimigos daquele país, entre os quais essa gente pretende, a despeito de sua irrelevância, estar incluída. Por que um fiel da Igreja da Censura de Franklin Martins se faz um defensor radical de Julian Assange?

O petralha que me lê habitualmente e que aprendeu ao menos a lição de que um bom princípio do debate é tentar encontrar a contradição no adversário logo se assanha: “Mas a contradição também não é sua, uma vez que é você é contra limites à liberdade de expressão no Brasil, mas chama os vazamentos de crimes?” Posso até ser contraditório em muita coisa, não nisso.
– os documentos foram obtidos criminosamente;
– WikiLeaks não é imprensa;
– Assange se tornou ele o juiz do que podemos ou não saber; o estado democrático americano é mais legítimo para fazer essa arbitragem.

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De resto, não estou defendendo censura à imprensa coisa nenhuma! Se a informação está na praça, que circule. Tentar impedir é como represar o mar. Mas daí a advogar que Assange não arque com as conseqüências de sua escolha, bem, aí vai uma grande diferença.

Nesse caso, não sou contraditório, não! Sou lógico. E fiel aos valores que abraço — e um deles me diz que o sigilo nesse tipo de comunicação diplomática, garantido em lei, é fundamental para o sistema que defendo. Tanto quanto esse sistema garante a plena liberdade de imprensa, ele também responsabiliza os indivíduos por seus atos. Mas acabei me estendendo na questão da minha suposta contradição e largando o essencial no meio do caminho.

E o essencial é que NÃO HÁ AUTORITÁRIO NO MUNDO HOJE QUE NÃO ESTEJA APLAUDINDO O TRABALHO DE JULIAN ASSANGE.  TODOS SABEM MUITO BEM POR QUE O FAZEM. “Pô, Reinaldo, nem tudo aquilo de que nossos inimigos também gostam é necessariamente ruim”. Sei disso. É muito provável que eles apreciem sorvete de macadâmia da Häagen-Dazs, além de sombra é água fresca. Na política, no entanto, os alinhamentos dizem, sim, muito da essência de certas escolhas.

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