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Protestos contra a Copa são inexpressivos e violentos; o risco maior para Dilma não é a violência, mas a apatia

Os protestos contra a Copa do Mundo se misturaram, em algumas capitais, notadamente São Paulo e Rio, a manifestações de categorias profissionais em greve. País afora, com boa vontade, devem ter reunido umas 20 mil pessoas— 15 mil delas em São Paulo, entre professores da rede municipal em greve, sem-teto e a turma do protesto […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 dez 2016, 01h01 - Publicado em 16 Maio 2014, 06h55
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  • Os protestos contra a Copa do Mundo se misturaram, em algumas capitais, notadamente São Paulo e Rio, a manifestações de categorias profissionais em greve. País afora, com boa vontade, devem ter reunido umas 20 mil pessoas— 15 mil delas em São Paulo, entre professores da rede municipal em greve, sem-teto e a turma do protesto propriamente. Pois é… Só na pequena Macapá, 20 mil pessoas foram ao Marco Zero do Equador para receber a taça do mundial, que já percorreu, desde 2013, 150 mil quilômetros, em 90 países. Em junho, chega a São Paulo. Assim, a capital do Amapá pode ter reunido mais gente para ver a taça do que o Brasil inteiro para se opor a isso ou àquilo.

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    Nesse estrito sentido, é claro que o tal “dia internacional de protesto contra a Copa” foi um fiasco. Houve manifestações violentas no Rio e em São Paulo, onde agências bancárias foram depredadas, e uma revendedora de automóveis, inclusive os veículos, foi depredada. O repúdio à violência — ou o medo mesmo — impede a adesão de cidadãos comuns. Gente decente não acha que se deve sair quebrando tudo por aí.

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    O movimento contra a Copa, portanto, deu com os burros n’água. Ocorre que, desde junho, não é preciso juntar milhares de pessoas para parar uma avenida: bastam algumas dezenas. Como a Polícia Militar só age em último caso, as cidades vão ficando reféns de minorais extremistas. Em São Paulo, por exemplo, 20 black blocs foram detidos, acusados de portar coquetéis molotov e martelos. Logo serão soltos — se é que já não foram. Não há lei que possa mantê-los presos, por incrível que pareça. Ou melhor: até há, mas não será aplicada.

    O Planalto comemorou as manifestações magras; tomou-as como um sinal de refluxo do movimento contra a Copa, mas está ainda ressabiado porque não está certo de que ele não possa renascer com força. Então é melhor ser discreto. A bem da verdade, nas jornadas de junho, poucos foram os protestos realmente grandes. O que incomoda desde sempre e faz o Poder Público bater cabeça é a violência. As autoridades brasileiras ainda não encontraram a resposta adequada para ela.

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    Clima de baixo-astral
    Os maquiavéis de segunda linha do governo, saibam, nunca viram com maus olhos a violência dos extremistas. Ao contrário: em certa medida, devem considerá-la útil porque isso tira das ruas os militantes que não são profissionais. O problema do governo, no entanto, é outro. Estamos a 28 dias do início da Copa do Mundo, e não há entusiasmo nas ruas. Ao contrário: muita gente que não põe pano preto na cara nem porta coquetéis molotov está com o saco cheio dessa história e acha mesmo que, em vez de se dar a tal desperdício, o Brasil deveria é cuidar melhor de saúde e educação — o tal “padrão Fifa”.

    Assim, a dificuldade maior da Soberana (na verdade, o seu temor) nem é a minoria extremista. Nessas horas, o risco é sempre a maioria silenciosa, ou, ao menos, a expressiva massa de silenciosos que pode concordar com os postulados que animam os incendiários, sem, no entanto, aderir às suas práticas. Na imaginação lulo-petista, a esta altura, os brasileiros estariam exultantes, orgulhosos, matando de inveja o Brasil de Garrastazu Médici. E, no entanto, isso não está acontecendo nem vai acontecer. É claro que todo mundo vai torcer para que no Brasil seja campeão. Mas isso nada tem a ver com o governo. E só por isso Dilma não vai discursar no jogo inaugural.

    Texto publicado originalmente às 4h
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