Otacílio deveria ser um Cartaxo das leis, não um Cartaxo do PT
O melhor lugar para o senhor Otacílio Cartax, secretário da Receita (foto), é a fila do seguro-desemprego. A depender dos desdobramentos da política, ele terá, no entanto, um destino bem mais agradável do que esse. Ora, foi preciso que Eduardo Jorge, uma das vítimas da canalha que anda a rasgar a Constituição por aí, recorresse […]
O melhor lugar para o senhor Otacílio Cartax, secretário da Receita (foto), é a fila do seguro-desemprego. A depender dos desdobramentos da política, ele terá, no entanto, um destino bem mais agradável do que esse.
Ora, foi preciso que Eduardo Jorge, uma das vítimas da canalha que anda a rasgar a Constituição por aí, recorresse à Justiça, tendo acesso à investigação, para que soubéssemos quão grave era o crime que se cometida num dos principais órgãos da administração federal. Atenção! A violação do sigilo do vice-presidente do PSDB já caracterizava um atentado à Constituição. Ficamos sabendo que não se tratava de uma excepcionalidade, mas de uma prática metódica.
E foi só com a divulgação dessas informações que este senhor se dignou a sair ou do mutismo ou da tartamudez. Antes disso, limita-se ao ridículo de afirmar que nada podia dizer porque a apuração era sigilosa.
Sigilosa? A única coisa que não é sigilosa na Receita, pelo visto, é a vida fiscal dos contribuintes, justamente um direito que a Constituição protege.
Cartaxo, como se nota, não está lá para preservar a instituição — considerada uma das mais importantes em qualquer república. Está lá para fazer a política de um partido, de modo que é o Estado que serve à legenda, não a legenda ao Estado.
Ora, se, até anteontem, ele se negava a falar porque a investigação não estava concluída, como pode vir a público hoje, com a investigação ainda inconclusa, para descartar que haja qualquer influência partidária na tramóia? Suas atitudes são vergonhosas e desmoralizam a Receita. Otacílio deveria ser um Cartaxo das leis, não um Cartaxo do PT.