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O truque de Guido Mantega para enganar os brasileiros e esconder a grave deterioração fiscal do Brasil

Acabo de receber de um amigo, economista de primeiro time, o que segue. Leiam com atenção. Ele desmonta a farsa montada pelo ministro Guido Mantega para sustentar que existe o tal superávit do “governo central”. Tudo não passa, prova este meu amigo, de um truque dos mais mixurucas feito por aquele que ele chama “bufão […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h01 - Publicado em 28 jan 2011, 18h57

Acabo de receber de um amigo, economista de primeiro time, o que segue. Leiam com atenção. Ele desmonta a farsa montada pelo ministro Guido Mantega para sustentar que existe o tal superávit do “governo central”. Tudo não passa, prova este meu amigo, de um truque dos mais mixurucas feito por aquele que ele chama “bufão despreparado”. Trata-se de uma demonstagem técnica, impiedora e inquestionável. Mantega pode atacar o FMI o quanto quiser. Pega bem no meio da bugrada. Só não consegue mudar os fatos.

Reinaldo,

Acabei de ler seu post sobre o pior ministro da Fazenda da história recente do país (isto, considerando que Zélia Cardoso de Mello e Luiz Carlos Bresser Pereira estão no páreo, não é para qualquer um, mas me desvio do assunto) e me vejo na obrigação de comentar. A tal “melhora” das contas do governo federal é uma mentira descarada. Não tenho outros termos para descrever isso, uma bofetada na cara de qualquer economista minimamente informado sobre as práticas contábeis adotadas na gestão Mantega.

Para ficar apenas no caso mais notório, desses R$ 79 bilhões que, diz o ilustre oligofrênico, são o superávit primário de 2010, nada menos que R$ 32 bilhões resultam da curiosa operação de capitalização da Petrobrás em setembro deste ano. Naquele mês, o governo contabilizou como receita a “cessão onerosa de exploração de petróleo” por R$ 75 bilhões e como despesa a aquisição de R$ 43 bilhões de ações da Petrobrás. A diferença, R$ 32 bilhões, foi contabilizada como superávit do governo, numa subversão sem precedentes das regras contábeis – mesmo porque parte significativa destas ações não adquiridas pelo Tesouro foi comprada pelo BNDES e pelo Fundo Soberano, isto é, pelo o Tesouro, através de prepostos.

Note que, obviamente, isto não teve qualquer impacto sobre a economia real: a demanda não caiu (nem subiu) por conta desta operação nem a inflação foi maior ou menor, nem nada, pelo simples e bom motivo que lançamentos contábeis não alteram a realidade à sua volta – na melhor hipótese, refletem-na; na pior, falsificam-na.

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Pois bem, sem esta brincadeira, o superávit primário teria sido R$ 47 bilhões – pouco menos de 1,3% do PIB, bem menos do que a meta. Pelas minhas contas, o superávit primário do ano passado está inflado em algo como R$ 55 bilhões (1,5% do PIB). Outros analistas fazem contas distintas e chegam, é claro, a outras estimativas. O Pastore, por exemplo, para citar um que respeito muito, estima que o resultado esteja inflado em algo como 1,1% do PIB). Independentemente disso, todos sabem que os números apresentados pelo Tesouro hoje só valem o suficiente para comprar um café – desde que pinguemos uns R$ 2,50 também…

Aliás, se as coisas estão tão bem, por que mesmo o Guido vem agora jurar que vai fazer um superávit primário de 3% do PIB?. Isso vindo do mesmo sujeito que, em 25/10/2010, afirmou: “Os gastos públicos não têm impacto inflacionário no Brasil” e, em 4/1/2011, “um ajuste fiscal reduz a demanda na economia, o que deve abrir espaço para, no futuro, quando o Banco Central julgar que é possível, os juros caírem.” A manutenção deste bufão despreparado ainda vai nos custar muito caro.

Grande abraço e bom fim de semana.

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