Posts abaixo, vocês lêem um texto que informa que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, não aceita as condições em que o tal quarteto — EUA, Rússia, União Européia e ONU — propõe mediar as negociações entre israelenses e palestinos. Abbas — e ele é o “moderado”, como vive lembrando a imprensa anti-Israel — primeiro quer que lhe dêem o que pede para depois negociar. Vale dizer: para sentar e conversar, ele quer o congelamento imediato dos assentamentos e que a conversa comece pelas fronteiras anteriores a 1967, o que significa que isso também define, em parte ao menos, o status de Jerusalém. A cidade voltaria ao “controle internacional” até se tornar, suponho, a capital do estado palestino. Atenção! “Fronteiras anteriores a 1967″ implica não apenas o congelamento imediato dos assentamentos, mas a saída total da Cisjordânia.
Isso significa que os elementos que compõem a pauta de negociação são, para ele, precondições para a própria negociação. Como “o mundo” está a seu favor, então ele considera esse um bom caminho. Ah, sim: Abbas, “o moderado”, deixou claro no discurso feito na ONU que também não reconhece Israel como um estado judeu porque isso significaria ignorar o direito de muita gente etc. e tal.
Tudo compreendido. A proposta é a seguinte: Israel dá aos palestinos tudo o que eles pedem, aí, então, eles começam a negociar. Mas “negociar” exatamente o quê? Eis que se revela a má fé do jogo: ora, o direito de Israel existir, entenderam? Por algum tempo ao menos. Afinal, a pauta dos “moderados” inclui a volta do que chamam “refugiados” e seus descendentes, o que, num tempo muito curto, faria dos judeus minoria em Israel. Quando isso acontecesse, sabemos que todos seriam tratados com justiça e lhaneza, como é padrão nos governos árabes.
Se o tal “mundo” endoidou, eu não endoidei. Não sei como será. Só sei que não será assim, ou Israel teria desaparecido faz tempo. A outra sandice nessa história toda é que os propagandistas da causa palestina fazem de conta que Abbas fala por todos os palestinos. Não! Ele não fala! O Hamas não é favorável nem mesmo a esse pleito enviado à ONU porque, afinal, isso aposta numa negociação com aquele que tem de ser destruído, já que essa seria uma tarefa do Islã. Está lá no estatuto dos humanistas: aceitar Israel corresponde a trair a fé islâmica. Em Gaza, o Hamas partiu para o pau contra o Fatah e ganhou. Deu um golpe em seus iguais. Não é preciso imaginar como tratariam os diferentes porque eles próprios deixam claro. “Ah, o Hamas fala isso, mas não é a sério”. Quem sou eu para duvidar da convicção que eles próprios dizem ter?
O engraçado, reitero, é que a maioria dos “analistas” insiste: “Aproveite, Israel, que Abbas é moderado…” A lógica da chantagem foi incorporada, nota-se, como norte ético da “negociação”.
Não sei como será, mas sei que não será assim.