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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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O bom que é mau, o mau é que é bom; o Bem que é Mal, o Mal que é Bem. Não é dialética; é desordem intelectual

No post anterior, falo sobre uma coisa um tanto incomum da política, mas explicável: Dilma não quer a fama de que promove uma faxina no governo. Os petistas reclamam porque acreditam que isso depõe contra a herança de Lula. Comentei que os correspondentes estrangeiros devem ter certa dificuldade de entender por que o elogio incomoda. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h46 - Publicado em 14 set 2011, 19h02

No post anterior, falo sobre uma coisa um tanto incomum da política, mas explicável: Dilma não quer a fama de que promove uma faxina no governo. Os petistas reclamam porque acreditam que isso depõe contra a herança de Lula. Comentei que os correspondentes estrangeiros devem ter certa dificuldade de entender por que o elogio incomoda. Mas não é a única estranheza, não. Leiam trecho de um texto de Eduardo Cucolo, da Folha Online. Volto em seguida:

Governo avalia que índice do BC confirma desaceleração
Apesar do crescimento mais forte da economia em julho em relação ao mês anterior, a avaliação dentro do governo é que o nível de atividade ainda segue mais moderado do que no início de 2010. O indicador do Banco Central que “antecipa” o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) mostrou que a economia cresceu 0,46% em relação a junho, maior percentual em seis meses. Se o ano terminasse em julho, a economia teria crescido 4,52% nos últimos 12 meses, o que representa desaceleração em relação aos dados oficiais do PIB divulgados pelo IBGE até junho. O BC avalia que o resultado de julho do IBC-Br (Índice de Atividade do BC) está influenciado estatisticamente pela queda de 0,25% em junho. Quando se compara o desempenho da economia no último bimestre com os dois meses anteriores, o crescimento é zero. Cálculos do BC mostram ainda que o crescimento nos últimos três meses, anualizado, é inferior a 2%. Ou seja, menos da metade do chamado PIB potencial, que é o quanto a economia pode crescer sem gerar pressões inflacionárias (íntegra aqui).

Voltei
Não sei se vocês notaram: nunca antes na história destepaiz um governo se esforçou tanto para demonstrar que o país está crescendo pouco. Os governos costumam fazer o contrário. A própria presidente Dilma Rousseff se encarregou hoje de baixar as expectativas. O governo, agora, não aposta em mais de 4% (antes, era 4%; o mercado está ali pelos 3,7%).

Por que essa quase obsessão pelo que é, obviamente, uma má notícia? É que o BC está sob especulação depois que decidiu baixar os juros que, note-se, o mercado já havia baixado antes. Mas é que a aposta generalizada era na manutenção. A taxa é tão escandalosamente alta para a realidade brasileira que considero a reação mais fruto da histeria, do amor à doxa e das apostas contrariadas do que outra coisa. E há, sim, uma minoria que, de fato,  tem uma argumentação técnica sólida. Mas esse não é o tema agora.

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Para mim, a “piscada” importante de nervosismo foi dada pelo BC agora, não antes. Eu nunca vi um esforço tão patético para provar que está certo. A coisa ficou assim: os que foram contrariados pela queda de juros acham que a economia ainda não desacelerou o bastante e que, pois, o que é, em si, uma boa notícia é uma má notícia para um BC, que decidiu atuar na contramão das expectativas. O BC, por sua vez, insiste que a notícia da desaceleração é, sim, ruim o bastante, e isso, vejam que espetáculo!, que é uma má notícia para o país é boa para o BC, que provaria ter tomado a decisão correta.

A boa notícia comemorada como má num canto e a má saudada como boa no outro são um um sintoma de desordem intelectual e de crise de valores. Daqui a pouco, alguém ainda desafia: “Quem foi o idiota aí que nos acusou de incompetentes? Taí! Conseguimos dar um tombo na economia! Nós somos pessoas responsáveis!”

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