Com aquela língua falada em país mental nenhum, o sr. Marco Aurélio defendeu a sua liminar em favor do afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com uma dupla fraude intelectual, argumentativa.
1 – A primeira consiste em transformar o julgamento de uma mera liminar em juízo de mérito. É uma estratégia primitiva, ridícula. Isso é como negar o habeas corpus a alguém porque, afinal, a pessoa é mesmo culpada. Dá vergonha. Marco Aurélio trata os seus colegas como imbecis.
2 – A segunda trapaça intelectual consiste em ignorar a razão da ilegalidade cometida: ele não poderia ter tomado uma decisão monocrática. Deveria ter levado desde sempre a questão para o pleno. Afinal, em ADPF, a liminar só pode ser concedida por maioria absoluta do pleno — ressalvando-se excepcionalidades que não estão dadas.
Pior: ficou falando em nome da Constituição e das leis, que ele violou.
Não defendeu um voto. Fez política.
Foi mais longe: citando ministros pelos respectivos nomes, com o dedo em riste, cobrou que votem como ele quer.
Nunca se viu isso no tribunal!