Luiz Inácio Lula da Silva pode se tornar réu pela segunda vez, agora sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A força-tarefa da Lava Jato ofereceu denúncia contra ele e mais sete pessoas, todas envolvidas no caso do tríplex de Guarujá. Compõem o grupo Marisa Letícia, sua mulher; Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula; o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS; Agenor Franklin Martins, ex-executivo da empresa; o engenheiro Paulo Gordilho, além de Fábio Fori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira.
O Babalorixá de Banânia já é réu num processo derivado da Lava Jato. Ele é acusado, na Justiça Federal de Brasília, de tentativa de obstrução da Justiça. Teria integrado o grupo que buscou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor de Petrobras, que estava prestes a fazer delação premiada. Nesse caso, são também réus o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS); Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete de Delcídio; o banqueiro André Esteves; o advogado Édson Ribeiro; o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho deste, Maurício Bumlai.
A defesa de Lula já se manifestou diversas vezes sobre esse caso e insiste que o apartamento jamais pertenceu ao petista. A polícia, no entanto, reuniu evidências de que a família Lula da Silva, especialmente Marisa Letícia, mais de uma vez, interferiu na reforma que a OAS fez no imóvel. O ex-presidente só teria caído fora do negócio quando a imprensa passou a se interessar pelo assunto.
É a primeira vez que uma denúncia contra Lula é oferecida a Sergio Moro. Seus advogados já tentaram, em duas instâncias, tirar o caso de Curitiba. Uma das petições foi apresentada ao próprio juiz, num recurso denominado “Exceção de Incompetência”. A alegação era que a investigação deveria ser transferida para São Paulo. Outra foi apresentada a Teori Zavascki, sob o argumento de que há casos conexos sendo apurados no Supremo. Nos dois casos, a resposta foi negativa.
Além de insistir que o apartamento jamais pertenceu a Lula, ainda que informalmente, seus advogados consideram que esse caso evidencia a suposta perseguição de que ele estaria sendo vítima, razão por que encaminharam uma denúncia ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. Esta tem sido, aliás, uma das estratégias mais evidentes dos defensores do ex-presidente: acusar a perseguição política. Parece que houve uma aposta errada na possibilidade de que tal procedimento fosse intimidar a Lava Jato e, quem sabe, gerar uma espécie de levante popular.
Não aconteceram nem uma coisa nem outra.
Lula faria melhor, acho eu, se explicasse direito as ruas relações com o apartamento e com a OAS.
O que lhes parece?
Lula deveria, em suma, tentar uma delação premiada!