Kassab, a crítica dos democratas, o PDB: tudo errado!
Abaixo, há uma saraivada de críticas de deputados do DEM a Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, que parece estar com um pé e meio fora do partido, dedicado à criação do tal PDB. Bem, dizer o quê? Independentemente do mérito das críticas — e não fugirei dele —, trata-se de uma manifestação infeliz, que […]
Abaixo, há uma saraivada de críticas de deputados do DEM a Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, que parece estar com um pé e meio fora do partido, dedicado à criação do tal PDB. Bem, dizer o quê?
Independentemente do mérito das críticas — e não fugirei dele —, trata-se de uma manifestação infeliz, que pouco contribui para a unidade do partido. Quem, entre esses que falaram, está empenhado em preservar a integridade do DEM? Pelo visto, ninguém! Nem mesmo o líder na Câmara, ACM Netto. Quando menos, poderiam guardar a fúria para o debate interno, posto que Kassab, nesse particular ao menos, comporta-se bem e poupa seus adversários internos de ataques. Ponto parágrafo.
Dito isso, considero descabida a forma como o prefeito de São Paulo vem se movimentando. Ela, com efeito, é inédita. E péssima para a política. Há a clara tentativa de fundar um novo partido sem que esteja absolutamente decidido que vá sair do antigo. Até aí, vá lá, admita-se que possa haver uma zona de indefinição temporal entre o “sair” e o “fundar” a nova legenda. A parte do PSDB que veio do antigo PMDB passou por isso.
O que é péssimo é que se saiba, desde já, que a nova agremiação seria só uma passagem, para driblar restrições legais, para outra legenda. Aí é baguncismo legal. Tenho para mim que isso mais desgasta a imagem de Kassab do que o coloca na posição de um hábil articulador.
Não estou endossando aqui bobagens como “Partido da Boquinha” e tal. O DEM está sendo vítima, entre outras coisas, de uma direção autoritária, mais empenhada em garantir suas próprias posições de poder do que em fortalecer a legenda. Isso foi alargando o divórcio entre os dois grupos. Reconhecer essa condução desastrada, no entanto, não me leva a endossar o procedimento em curso, que tem o claro propósito de dar uma enganadinha na legislação eleitoral. Isso concorre para atingir a credibilidade da política e dos políticos. Não por acaso, José Dirceu parece gostar do que vê.
Para encerrar: por enquanto, o único a ganhar com essa movimentação de Kassab é Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente do PSB, partido para o qual o PDB migraria. Assume ares de um articulador de alcance nacional, o que não é. No máximo, isso servirá para aumentar o seu cacife no Planalto. E só.