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Janine fala de novela, e eu, de política

Eu não sou um analista sensível como Renato Janine Ribeiro e, bem, tampouco sou petista, com ou sem carteirinha, mas também gosto desses assuntos de semiologia aí, sô. A reação aos depoimentos que encerram a novela Páginas da Vida tem importância eleitoral, vocês sabiam? Sim. Demonstrarei isso. Eu nunca vi a novela — no horário, […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h23 - Publicado em 29 jul 2006, 01h02
Eu não sou um analista sensível como Renato Janine Ribeiro e, bem, tampouco sou petista, com ou sem carteirinha, mas também gosto desses assuntos de semiologia aí, sô. A reação aos depoimentos que encerram a novela Páginas da Vida tem importância eleitoral, vocês sabiam? Sim. Demonstrarei isso. Eu nunca vi a novela — no horário, estou sempre aqui, como sabem. Mas me contaram que uma fala em particular causou mal-estar no grande público. Parece que essa população careta já aceita que suas mães e avós façam sexo. Mas se referir a ele numa linguagem entre úmida e crua, durante o jantar, com as crianças transitando em frente à TV, está claro, é uma “liberdade” de que a sociedade demonstra não precisar. Não estamos na Viena de Freud, mas também ainda não chegamos a Gomorra. As nossas avós já não são a Dona Benta — uma pena! Mas nada temos a fazer com suas calcinhas.
Eu cheguei a ver alguns capítulos de novelas anteriores de Manoel Carlos. Eu o considero o melhor novelista dos que estão na ativa. Até escrevi certa vez um texto a respeito. Suas personagens não são maniqueístas, têm certas características amorais; seus pobres não são de manual; dá preferência a dramas e problemas entre íntimos e existenciais, que são os únicos que verdadeiramente importam. O resto é esse mundo em que o lixo petista se dá bem.
Mas o grande público tem um senso de decoro que é sempre mais estreito — e não uso o termo em sentido pejorativo, negativ0 — do que o dos intelectuais ou o da classe média exposta aos valores que vêem na família a fonte de todos os males. A população, em suma, é muito mais conservadora do que os valores que vê veiculados na mídia. Esta, quando feita com qualidade, propõe-se a ser a vanguarda. E, às vezes, quebra a cara. No outro extremo, programas popularescos fazem caricatura de preconceitos odiosos. A novela, para tristeza de Janine, um sensível radical, vai ter de mudar.
E há aí uma lição a ser tirada. O povo também faz muita safadeza, seja na vida privada, seja na vida pública — na sua relação com terceiros —, mas ainda é mais conservador do que supõem minorias mobilizadas de opinião e supostas vanguardas políticas. Existe, e vou voltar a uma tese antiga, uma maioria silenciosa à espera de um cálice que una os seus anseios. Essa gritaria do petismo, por exemplo, se esfarelaria diante desta maioria se ela fosse mobilizada e convocada. É testar para ver. Um petista rombudo, a esta altura, diz: “Reinaldo está dizendo que o povo é de direita”. Não. Reinaldo está dizendo que o povo, decididamente, não é de esquerda.

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