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Fundo do poço intelectual e moral – Ministra da Igualdade Racial recorre ao racismo para combater racismo!

Eu não preciso que os eleitores de Bolsonaro gostem de mim. Eu não preciso que os inimigos de Bolsonaro gostem de mim. Gostar ou não gostar tem a ver com certas escolhas que, no geral, não estão ligadas ao objeto episódico do nosso amor ou do nosso ódio. Tem a ver com um conjunto de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 12h23 - Publicado em 1 abr 2011, 16h21

Eu não preciso que os eleitores de Bolsonaro gostem de mim.
Eu não preciso que os inimigos de Bolsonaro gostem de mim.
Gostar ou não gostar tem a ver com certas escolhas que, no geral, não estão ligadas ao objeto episódico do nosso amor ou do nosso ódio. Tem a ver com um conjunto de valores.

Tenho dois compromissos: com aquilo que penso e com a Constituição da República Federativa do Brasil. Ou três: também com a língua portuguesa. As palavras fazem sentido.

A ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, resolveu, era fatal!, entrar no caso Bolsonaro. Segundo ela, “não podemos confundir liberdade de expressão com a possibilidade de cometer um crime. O racismo é crime previsto na Constituição”.

É previsto, sim! Na segunda parte, ela tem razão. A primeira está sujeita a um longo debate. Quem defendia o Programa Nacional-Socialista de Direitos Humanos, por exemplo, dizia algo assim: “Não podemos confundir liberdade de expressão com a possibilidade de transgredir os direitos humanos”. Era um pretexto para instituir a censura à imprensa.

Segundo a ministra, Bolsonaro representaria os brancos inconformados com os espaços que estão sendo ocupados pelos negros. Afirmou, segundo a Folha Online, no programa “Bom Dia, Ministro”:
“Isso [ocupação de espaço pelos negros] provoca reação. Para muitas pessoas, parece perda de espaço. Isso demonstra como ser branco na sociedade brasileira implica em determinados privilégios em detrimento dos direitos dos negros em geral”.

Ela disse esse absurdo mesmo?
A Constituição faz sentido!
As palavras fazem sentido!
As declarações de Bolsonaro e de Luíza Bairros fazem sentido.

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Para a ministra, “ser branco”, por si, “implica em (sic) determinados privilégios”, que existiriam “em detrimento dos direitos dos negros em geral”. Isso significaria que, ao nascer, cada branco — uma condição que lhe é imanente — já ocupa, ainda que não queira, uma espaço que caberia aos negros.

Se, por condição imanente, eu, por branco, roubo algo que pertenceria aos negros, a única maneira de não fazê-lo — e as palavras têm sentido — seria deixar de existir. Corolário: cada branco que nasce implica negros com menos direitos; cada branco que morre, negros com mais direitos.

Eu não tenho por que dourar a pílula no caso de Bolsonaro!
Eu não tenho por que dourar a pílula no caso de Luíza Barrios.

Trata-se de uma declaração que transforma a questão racial num choque de naturezas, em que o branco entra, necessariamente, como um ladrão de direitos.

A fala da ministra não vai escandalizar porque ela está do “lado certo” da metafísica influente. Afinal, um negro nunca diria palavras racistas contra um branco, não é mesmo? Já que estamos na era do “coitadismo”, eles seriam tão coitados que estariam impedidos até de ofender — e essa perspectiva, claro, é… RACISTA!

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Sou branco. E nunca tive um miserável privilégio natural que se tenha exercido “em detrimento” do “ser negro”. Se sou advogado de Bolsonaro, pego essa declaração e organizo a defesa do meu cliente. Ele foi convidado a dar uma resposta pessoal, numa questão válida para a sua família — diz ter-se confundido. Dado o vocabulário a que recorreu, é até possível que estivesse mesmo falando sobre a possibilidade de seu filho namorar um gay. A resposta foi certamente boçal, mas pode não ter sido racista.

A declaração da ministra, feita já depois de muita ponderação, lamento dizer!, é racista, sim! NOTEM QUE O BRANCO NÃO TEM NEM COMO ESCOLHER. O SIMPLES FATO DE EXISTIR JÁ IMPLICA ATRAPALHAR OS NEGROS.

Eu não preciso que os eleitores de Bolsonaro gostem de mim.
Eu não preciso que a militância negra goste de mim.
Eu só preciso dizer tudo o que acho que tem de ser dito sem dar bola às polícias de pensamento.

Incomoda? Muito! Danem-se os incomodados e os chorões do estado-babá! E há, claro!, uma diferença gritante entre ambos. As declarações de Bolsonaro fazem do autor a besta-fera de plantão. As de Luíza fazem dela uma iluminista!

Não me chamem para ser cúmplice da estupidez de Bolsonaro!
Não me chamem para ser cúmplice da estupidez de Luíza Bairros!

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